De
uma dissidência de um grupo de poetas que compunham o concretismo,
nasceria em 1962 a Poesia Práxis. O seu marco de fundação foi à
publicação do livro Lavra-lavra
de Mário
Chamie.
O primeiro documento teórico de sua instauração foi o “Manifesto
Didático”.
Se
por um lado, no concretismo, tínhamos como exaltação maior a
“palavra-coisa”, agora na poesia práxis temos a
“palavra-energia”, valorizando a palavra mais no seu contexto
extralingüístico, mantendo, portanto, uma ligação forte com a
realidade social. “Assim,
enquanto o concretismo – que sustentava ser o conteúdo de um poema
sua própria estrutura – insistia numa reificação da linguagem e
do texto, o poema práxis é definido, em seu manifesto, como aquele
que organiza e monta, esteticamente, uma realidade situada, segundo
três condições de ação:”
(Revista da USP) a)
o ato de compor:
que consiste em uma tomada de consciência, por parte do poeta, do
seu próprio projeto semântico. Vale dizer: o poeta, ao elaborar um
poema, não deve prender-se a esquemas formais predeterminados,
deixando de lado a realidade viva e o significado humano daquilo
sobre o que ou em função do escreve; b)
a área de levantamento:
o “manifesto didático” prevê que o autor práxis não escreve
sobre temas e nem tematiza a realidade e o objeto de sua escritura.
Pela própria natureza de compor, o autor busca as contradições
internas dessa realidade e objeto e os transforma em problemas,
virtualizando os seus sentidos possíveis; c)
o ato de consumir:
corresponde a uma reformulação da relação tradicional entre autor
e leitor. Este deixa de ser destinatário passivo e assume o papel de
co-autor daquele, já que, pela estrutura móvel do texto práxis,
ele pode interferir nessa estrutura e tomá-la como pré-texto, para
outras soluções de linguagem e de redimensionamento do seu sentido
original, dentro da mesma área levantada.
Principais
autores e suas obras: Armando
Freitas Filho, livro de poemas práxis Palavra
(1963);
Mauro Gama, Corpo
Verbal
(1964); Antonio Carlos Cabral, Diadiário
cotidiano (1964);
Ivone Geanetti Fonseca, A
fala e a forma (1964);
Camargo Méier, Cartilha
(1964); Cassiano Ricardo, Jeremias
sem chorar
(1964);
Características
das principais obras: a)
uso
do signo lingüístico considerado matéria prima de produção e
transformação textual;
b)
o trabalho
com a palavra considerada “matriz estruturante” e genética do
poema num espaço verbal (o espaço em preto) predominantemente
permutacional;
c)
a
construção do poema, ao nível do significante e do significado,
capaz de se abrir a interferência do leitor ou co-autor;
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