sexta-feira, 4 de maio de 2012

O que foi a Poesia Marginal?


Pode o leitor curioso indagar-se sobre o nome dado a tal poesia: marginal? Um estudioso do próprio movimento explica a origem do nome: “Os livros são muitas vezes rodados em mimeógrafos – o que deu margem a que se falasse em uma geração do mimeógrafo – às vezes em offset ou processos semelhantes, as tiragens são pequenas, os trabalhos tem frequentemente, um acabamento material bastante rústico [...] A venda se dá, geralmente, de mão em mão, sendo realizada muitas vezes pelo próprio autor ou por amigos deste e percorrendo um circuito mais ou menos fixo de bares ou restaurantes, portas de cinema, teatro ou mesmo universidades”. (Carlos A. Messeder Apud Faraco & Moura, Literatura Brasileira, pg. 386)
É mais fácil entender essa poesia quando compreendemos o modo de produção já iniciado no parágrafo acima. Os poetas dessa geração recusavam os métodos tradicionais de produção e distribuição de sua obra.
Um bom exemplo dessa poesia é a antologia 26 poetas hoje em que os poetas buscavam alternativas contra a noção de autoridade, tanto política quanto estética, donde decorre o tom de ameaça de seus versos. Agredindo o cânone e misturando registros, a poesia deles não parecia poesia. Assim como a realidade não parecia real [...] Deboche, humor, busca de desleixo na forma. Isso explica o nome de poesia marginal [...] Os textos primam pela busca da singularidade, quase sempre a partir do mesmo processo, que seria a apropriação do lado contrario dos discursos (Professor Ivan Teixeira, em artigo na Revista Metáfora, ano I-N°6-2012, pg 56). 
 
Principais características:
  • Elege a denúncia em lugar da beleza;
  • Sofre influências do Concretismo, do Poema/processo, como também de algumas ideias do inicio do nosso Modernismo;
  • Desprezo pelo chamado “bom gosto” da classe dominante;
  • Predomina o coloquialismo e a fusão de poesia e prosa;
  • Uso da ironia;

Principais poetas e obras: Cacaso, Beijo na boca; Ana Cristina César, A teus pés; Paulo Leminski, Melhores poemas; Torquato Neto; Zulmira Ribeiro Tavares.

A Herança Pós-Vanguarda para a qualidade e evolução de nossa Literatura Brasileira

O período pós-vanguarda de nossa literatura, no que se contemplam as tendências pós 22, foi muito rico para a evolução literária da nossa produção artística.
Isso se torna evidente quando percebemos que nesse período, nossos poetas, buscaram a produção de uma literatura voltada muito mais para o meio social em que viviam, do que para experiências européias. Vale ressaltar que o nosso Concretismo foi difundido pelo mundo.
O novo modo de pensar a poesia e com ela a produção de uma literatura até hoje é perceptível em muitos de nossos poetas. Exemplos são a estética literária, os temas, a liberdade dos versos, a produção dos contos etc.

Brasil década de 70

Nos tristes e repressivos anos 70, a poesia rompeu o compromisso com a realidade e com o intelectualismo modernistas e passou a ser marginal, diluidora, anticultural, pós-moderna.
A década de 70 começou sobre a terrível sombra do AI-5, anunciador de um tempo nebuloso, que abalaria nossa historia política. Aqueles que viveram o grande sonho dos anos 60 agora estavam exilados, silenciados desencantados. A precipitação da juventude radicalizada na guerrilha, nas “viagens” proporcionadas por drogas, no “desbunde”, acentuou-se no silencio de um vazio cultural. No entanto a poesia que os jovens poetas apresentaram, distribuídas de mão em mão, impressa em mimeografo, declamadas em bate papos de botecos, foi extremamente atenta as crises político-existencias da história de seu tempo e redimensionou um conceito já fora de moda do poeta como individuo sofrido, abatido, recolhido.
Um clima ideológico que combina frustração e medo provocou descrença geral em relação a projetos e planos futuros. Censores da Polícia Federal estavam presentes nas redações de jornais e revistas, nas emissoras de rádios e TV. Em fim um clima de forte ditadura e repressão cultural.

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