sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Aos olhos semimortos


Tristonhos olhos...
Aqueles olhos que lhe pareceram semimortos.
Eram tímidos
Pareciam carregar em sim certo quê de não sei o que,
Que os faziam rígidos as inconstâncias do momento.
Mas vez ou outra acompanhavam a contração física do rosto.
Eram de vida e morte.
Aliás, diziam que o corpo acompanhava toda a fisionomia do semblante.
Assim, era de toda reflexo do próprio olhar…
Certa vez, fitou-a seriamente.
Encante!
Penetrou, singularmente, na anatomia poética daqueles olhos...
Não queria. Sim, não queria.
Mas como encante (sempre a revelia do ser encantado),
Passou a imaginar aqueles olhos em tudo que via...

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Reflexões de um escritor



“Escrever é um ócio muito trabalhoso”. Afirmou, certa vez, Goethe. Talvez, não para todos. Uns, na primeira tentativa, conseguem preencher as linhas brancas da folha de papel. Outros, depois de inúmeras tentativas, a única coisa que conseguem é a dor de cabeça. Mas não parece haver tamanha dificuldade em escrever. Como diria Neruda, “escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca as ideias”. Logico, que Pablo Neruda simplificou todo o processo de composição textual. Deixou de lado os percalços felizes e, principalmente, penosos que Clarice Lispector fez questão de declarar: “cada vez que eu vou escrever, é como se fosse à primeira vez. Cada livro meu é uma estreia penosa e feliz”.
 Escrever exige competências de diversas ordens. Mas é fato considerarmos não se tratar de dom divino. É um exercício constante do aprender fazendo. Lembrei-me que quando comprei meu primeiro notebook (na finada loja Yamada, em Santarém) me comprometi que escreveria constantemente. Imaginei-me criando em meu blog um editorial semanal que ao dia determinado postaria ali um texto de assunto relevante do momento. No pensamento seria um Millôr caboclo. Não cumpri com a promessa. Passei a perceber que, no meu caso, os textos não me obedeciam. Controlavam o tempo próprio de gestação. Uns nasciam rebeldes à fecundação de alguma leitura especifica. Outros, ainda que fecundados de leituras e experiências passadas, tardavam numa gestação quase que própria: sem dia e hora exata para nascerem. E ainda existiam outros que, prematuros, sobreviviam somente ao primeiro sinal de pontuação.
A cabeça de quem escreve fervilha constante de muitas produções textuais, que a qualquer momento poderão ganhar vida. Exemplo tem diante de teus olhos, meu caro leitor. Saiba que esse texto por dias foi ruminado e ao passo da primeira linha escrita desviou-se de seu objetivo primeiro e caminhou por linhas próprias.  Intuição? Talvez estivesse apenas adormecido. Quem sabe fruto de leituras e reflexões passadas? Mencionando o passado, lembrei-me da leitura da Odisseia motivada pela grande mestra América Mota, na formação do Propedêutico, no Seminário São Pio X. As aventuras do valoroso Ulisses me motivaram a escrever textos com a essência do herói. De igual maneira, Fabiano, de Vidas Secas. Eis uma das condicionantes para se produzir textos: leitura prévia.
Enfim, que para cada texto ceifado no primeiro parágrafo possa nascer mais dois. Pois, a única coisa que não pode jamais acontecer, para quem escreve, é deixar de escrever.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Inglês de Sousa e sua importância para a cidade de Óbidos


Sem mais delongas: qual a importância que o escritor Inglês de Souza tem para a cidade de Óbidos? É importante perpetuar esse sentimento de orgulho por se ter um conterrâneo que ao lado de Machado de Assis, e tantos outros literatos, fundou a Acadêmica Brasileira de Letras?   Calma, caríssimo leitor vamos às explicações.
Recentemente, em rede social, um edil da câmara de vereadores de Óbidos fez uma enquete em, sua página pessoal, pedindo a opinião de seus (e)leitores quanto a uma proposta sua de homenagear o centenário de morte de Herculano marcos Inglês de Sousa. A proposta consistia na substituição do nome atual de uma rua por Avenida Inglês de Souza.  O resultado, como já previsto, foi uma total negação da proposta. Mas isso não é o maior agravante. O que causou perplexidade mesmo foi ler comentários dizendo que não há mais necessidade de homenageá-lo (o pouco que já se fez basta). Ou comentários questionando o que Óbidos vem a ganhar com isso? Por outro lado, também vale ressaltar que a pesquisa revelou que os munícipes sabem quem foi Herculano Marcos Inglês de Sousa. No entanto, será se essas mesmas pessoas também sabem quem foi Luiz Dolzani (pseudônimo com o qual assinava suas obras)?
Não basta apenas saber quem foi inglês de Sousa: é preciso conhecê-lo. É preciso valorar sua obra.
Diferentemente do que muitos pensam não é por que Inglês de Souza viveu poucos meses em Óbidos (tudo indica que ele foi embora com apenas quatro meses de idade, conforme cronologia de Vicente Salles, no livro História de um pescador), que sua representatividade deva ser menor. Aliás, não é o tempo que ele morou aqui o balizador para medir o quanto ele possa ser importante para a cidade, e sim o seu legado literário-cultural que tomou Óbidos como a grande inspiração para o conjunto de sua obra. E ouço dizer mais: diante da escassa historiografia do município a obra inglesiana configura-se como documento histórico-social (leia-se a descrição da cidade feita por ele em nota no livro O Cacaulista).
Herculano Marcos Inglês de Sousa habita num mundo de notáveis escritores mundiais. É de se perpetuar sim o sentimento de alegria por ter sido ele um exímio escritor naturalista nascido no interior da Amazônia. Só que mais que isso é preciso redescobrir sua obra. Demonstrar sua importância para os munícipes (só se valoriza aquilo que se conhece). É preciso, acima de tudo, torná-la lida. Ter exemplares na biblioteca pública e nas escolas. É preciso demonstrar que essa literatura inglesiana faz parte da cultura da cidade tal como a cultura do carnapauxis, a cultura material arquitetônica dos casarios e as muitas manifestações artísticas espalhadas pelo município.
Que neste ano de centenário de morte do autor possamos celebrar o seu legado. E para tanto defendo a realização de uma grande programação literária (festival de literatura, concurso de contos, poesias...) como também a instituição da medalha Inglês de Souza destinada para pessoas que se destacarem no campo das artes e principalmente da literatura. E ao invés de trocar o nome de uma rua por que não renomear algum prédio público com o nome do nosso exímio escritor obidense?
Fica aqui a humilde opinião de quem lê e estuda a obra inglesiana. E que, além disso, orgulha-se em morar na mesma cidade em que nasceu um dos maiores escritores da nossa literatura.  

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

II Seminário de Gestão: escola como organização educativa

Ocorrerá, no dia 01/03/2018, nas dependências do Campus da Ufopa em Óbidos,  o II Seminário de Gestão. Neste ano o tema será: A escola como organização educativa. 
Este evento é resultado da disciplina de mesmo nome ministrada na turma de Pedagogia 2015 do Campus Óbidos. E o objetivo principal do evento é conectar ideias no âmbito da gestão escolar. 
O encontro será voltado a toda comunidade externa, mas principalmente a estudantes, gestores, coordenadores e professores da educação básica.  

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Resumo do livro HISTÓRIA DE UM PESCADOR - Scenas da Vida do Amazonas, Inglês de Souza


Em História de um Pescador, como o próprio título já sugere, temos a difícil vida do pescador José narrada. Bem como definiu Vicente Salles: “trata-se da luta do tapuio José, contra a exploração do capitão Fabrício, pelo endividamento progressivo e submissão aos seus caprichos de chefe político e grande proprietário de terras”.  
Ocorre que, o personagem José, fora estudar no colégio de S. Luiz Gonzaga, em Óbidos, tendo o seu pai sido convencido pelo vigário da necessidade de ensinar alguma coisa ao curumim. Mas como não fora por vontade própria a ida de José para o colégio, o mesmo sofria com a distância e o modo de vida a que estava acostumado no sítio. Esta sofrível vida perdurou por quatro anos. Até que um dia, a mãe o fora visitar para anunciar-lhe a notícia da morte do pai, Anselmo Marques, tapuio pescador do Igarapé de Alenquer. Que morrera afogado em uma viagem que fizera a Santarém por ordem do capitão Fabrício Aurélio.
Se a vida de estudante era ruim, o ruim mesmo estava por vir.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Dez curiosidades sobre a História de Óbidos...


Por Pe. Sidney Augusto Canto

01. As tensões políticas e o “quebra urna”...
Há 150 anos atrás, o clima político em Óbidos era tenso. A disputa entre os dois únicos partidos, o Liberal e o Conservador levou a um fato inusitado. Em 07 de setembro de 1868, militantes invadiram a Igreja Matriz de Santa Ana e quebraram a urna, invalidando, assim, a eleição dos novos vereadores municipais. Uma segunda eleição seria realizada naquele ano, desta vez, sob o olhar de reforço policial enviado da capital da Província. Tudo correu “em paz”, com vitória do partido Conservador.

02. O médico da Comarca de Óbidos...
Há 150 anos atrás, era criado o cargo de “Médico da Comarca de Óbidos”, que deveria cuidar da saúde dos cidadãos obidenses. Como primeiro “Médico da Comarca”, foi nomeado o dr. José Veríssimo de Mattos, que começou a exercer o cargo em novembro daquele ano. Dr. Veríssimo não era um desconhecido do povo obidense, visto ter sido médico da antiga “Colônia Militar”, que havia sido extinta em 1865.

03. Os primeiros dias da Comarca de Óbidos...
Criada pela Lei Provincial Nº 520 de 23 de setembro de 1867, teve como seu primeiro juiz o dr. Marcos Antônio Rodrigues de Souza, que era juiz de direito da Comarca de Parintins, sendo dela removido a 21 de dezembro de 1867 para tomar posse e instalar a Comarca de Óbidos a 16 de fevereiro de 1868. Dr. Marcos era, também, Deputado Provincial naquele mesmo ano. Seu primeiro promotor público foi nomeado a 03 de fevereiro de 1868, trata-se do dr. José Clímaco do Espírito Santo, que tomou posse a 22 de abril do mesmo ano, ficando apenas alguns dias na Promotoria de Óbidos, sendo transferido, no mesmo ano, para a Comarca de Breves.

04. O falecimento de um ilustre pároco...
No dia 17 de setembro de 1864, após padecer nove dias de dor e sofrimento, falece, em Óbidos, o padre Raymundo Antônio Sanches de Brito, que foi pároco da igreja matriz de Santa Ana por 50 anos. Sacerdote zeloso e exemplar, mereceu elogios a ele tecidos pelo cientista protestante Henry Bates, quando de sua passagem pelo município de Óbidos.

05. A “questão religiosa” e o vigário de Óbidos...
No dia 18 de fevereiro de 1872, o vigário interino da cidade de Óbidos, o padre Manoel José da Cunha renova publicamente seus votos de obediência e adesão à fé católica, pronunciando-se contra os “opositores” da Igreja (no caso os maçons), que perseguiam o então Bispo do Pará, Dom Antônio de Macedo Costa.

06. Notícias sobre os imigrantes cearenses...
Por causa da “grande seca” do ano de 1876 e 1877, muitos cearenses migraram para o Pará, onde estabeleceram colônias distribuídas a critério do Governo Provincial. Foi assim que, no dia 04 de janeiro de 1878, o presidente da Província do Pará, manda os senhores Singlehurst Brocklehurst & Cia., darem passagem de proa no vapor “Theresina” a uma leva de imigrantes cearenses que deveriam desembarcar em Óbidos para começar uma nova colônia na cidade.

07. Um surto de varíola e o abandono médico...
No início do ano de 1900, um passageiro do vapor do “Loyd Brasileiro” desembarcou em Óbidos. Dois dias depois, foi descoberto que ele estava infectado com varíola e foi colocado em quarentena num casebre abandonado fora da cidade. Era tarde demais. A epidemia espalhou-se pela cidade no exato momento em que o médico local, dr. Salvador Rezzo, pediu exoneração do cargo de Comissário de Higiene e deixou a cidade e povo abandonado à própria sorte.

08. No respaldo da grande cheia de 1918...
O Intendente Municipal de Óbidos, Graciliano Negreiros, pede que o governo do Estado interceda ao Ministério da Guerra, que libere os soldados recém-engajados no quartel instalado no município, pelo período de 30 dias, para que os mesmos possam ir aos seus sítios de várzea, salvar o que restava de seu gado.

09. A estrada para a Guiana Holandesa...
Em 1917, o Intendente Municipal de Óbidos, tenente Graciliano Negreiros, dava início à construção de uma estrada que deveria ligar a cidade de Óbidos à Guiana Holandesa. Foram gastos 30:000$000 (trinta contos de réis) do dinheiro dos cofres do município e abertos apenas 29 km da referida estrada.

10. A navegação a vapor com o rio Trombetas...
Em 13 de janeiro de 1900 (outras fontes citam 14), começa a funcionar a linha de navegação a vapor de Óbidos ao Alto Trombetas. Esta linha era de propriedade do sr. Francisco Gomes de Azevedo, mas subvencionada pelo Governo do Estado. A linha, entretanto, havia sido pedida 10 anos antes, pelos comerciantes e políticos da cidade.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Literatura da melhor qualidade



Wildson Queiroz[1]
Com título “Um pouco de muitas histórias”, o mais recente livro de Célio Simões de Souza, ilustre obidense, é um belo exemplo do que temos de melhor na literatura paraense contemporânea.
A obra reúne uma seleção de crônicas com relatos sobre a infância e juventude do autor vividos em sua cidade natal e em outras localidades, conta fatos curiosos e até engraçados do cotidiano de quem vive no interior da Amazônia.
Sem fugir da tradição literária da sua querida Óbidos, tão famosa por conta dos ilustres Inglês de Sousa e José Veríssimo, o livro eleva seu autor, já consagrado no meio jurídico e acadêmico, ao mesmo nível literário de seus conterrâneos famosos.
 O conteúdo apresenta-se de forma magistral sem tornar a leitura cansativa ou entediante, os textos foram escritos de modo acessíveis ao público em geral, não incorrendo em termos técnicos ou acadêmicos.
Impossível não imaginar as cenas pitorescas narradas no livro levando-se em conta os detalhes tão bem empregados pelo autor no desenrolar das histórias, transportando o leitor ao momento exato em que o fato se dá, a bucólica Óbidos e sua gente tão bem retratada nas mais diversas situações vividas por quem habita as cidades quase esquecidas deste imenso país.
Li com enorme prazer e recomendo com franqueza “Um pouco de muitas histórias” a todos que apreciam literatura da melhor qualidade e tenham interesse em se aprofundar e conhecer um pouco mais sobre a história e os causos regionais contados por Célio Simões de Souza de forma leve, divertida e tremendamente agradável.












[1] Pedagogo, historiador e escritor, sócio fundador do Instituto histórico e Geográfico do Tapajós – IHGTap.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Análise do filme O Sorriso de Monalisa


O Sorriso de Monalisa, 2004, do diretor Mike Newell conta a saga da professora de História da Arte Katharine Watson que tem a difícil tarefa de lecionar em um dos colégios mais conservadores dos Estados Unidos na década de cinquenta: o colégio Wellesley.  Professora com pensamento a frente de seu tempo, se vê aprisionada pedagogicamente no tradicionalismo educacional do colégio e na formação educacional que o mesmo propunha a suas alunas: a formação de boas esposas.
Embora o plano principal seja o enfoque nos desafios vivenciados pela professora Watson com suas alunas o filme retrata principalmente a tendência pedagógica praticada pela escola e o pensamento vivido na década de cinquenta nos estados unidos, quanto a isso, destaca-se o papel da mulher na sociedade estado-unidense. No que diz respeito ao método pedagógico escolar, em Wellesley predomina o saber tradicional sem espaço para o questionamento. Eis, por isso, o dilema da professora personagem principal do filme, uma vez que esta assume uma forma questionadora de lecionar o que é bem explicito em seus métodos de ensinar. Em uma das passagens do filme a professora lança o questionamento em sala de aula para suas alunas: o que é arte? Esse questionamento, aparentemente muito óbvio, rompe com o conteúdo automatizado da turma. As alunas, estudiosas ao demonstrarem domínio de todo o conteúdo da apostila, não suscitavam indagações a se próprias relacionadas a conceituação das obras de artes que estudavam e conheciam. O que torna com que uma obra de arte seja considerada como tal? Pode uma fotografia também ser considerada como uma obra de arte? Nesse sentido é que a professora propunha despertar o aprender a aprender e como consequência foi tratada como subversiva. Mas questionar o até então inquestionável configura-se crime de subversão? Talvez para a sociedade da época sim.
Outro ponto bastante destacado é a concepção formativa proposta pelo colégio Wellesley: as estudiosas alunas recebiam formação para serem boas esposas. Muito embora, a qualidade do ensino e cobrança das alunas fosse estupenda não havia motivação da parte da escola para que essas alunas assumissem profissões na sociedade. No fim, acabariam como “perfeitas” donas de casa.
Por fim, o filme tem aspectos de discussões interessantes que ainda nos dias de hoje nos fazem (re)pensar o papel da mulher na sociedade. 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

EU DIGO NÃO! AO FECHAMENTO DA ESCOLA DUQUE DE CAXIAS

Durante esses dias, ao retornar as redes sociais, tomei de espanto um assunto, desses que a notoriedade se dá mais nas próprias redes sociais do que nos outros meios de informação. Tratava-se do quase fechamento (a depender do dia em que você esteja lendo este artigo, caro leitor) da Escola Duque de Caxias, aqui na cidade de Óbidos.
Estupefato com a notícia estagnei-me em reflexões próprias para tentar entender o porquê de se fechar uma escola. E a primeira vista, ou ao primeiro pensamento, fiz a correlação com um empreendimento que não deu certo e ao final chegou-se a decisão de fechá-lo. Mas é possível tal analogia? É possível e permitido que escolas sejam fechadas?   E para não correr o risco (mesmo já correndo) de emitir opiniões apaixonadas pautadas unicamente na defesa da educação púbica e de qualidade é que busquei ler algumas opiniões dos envolvidos nesse triste e preocupante imbróglio.  
Primeiro: não defendo fechamento de escolas. Dito isto parto para minhas reflexões. Respondendo questões que suscitei acima, ao que consta o município pode sim fechar uma escola. Nesse caso deverão ser consultados os conselhos de educação como define a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Segundo a secretária de educação de Óbidos, Ana Nilva, isso foi feito. Por outro lado, os pais alegam que em nenhum momento foram consultados sobre tal medida. Será se esses não deveriam também ter sido ouvidos? Mas por que fechar a Escola Duque de Caxias? Segundo a secretaria de educação as fundamentações principais são: a falta de estrutura física para a prática de esportes (quadra esportiva) e o pouco número de alunos matriculados obrigando uma reestruturação dessas turmas para outras escolas do município.
Discussão pra cá... discussão pra lá... elenco meus argumentos pelos quais enfatizo minha opinião totalmente contrária ao fechamento da escola. a) A Escola Duque de Caxias é uma das melhores escolas (se não a melhor), dentro da sua abrangência de séries, classificada no IDEB, quando comparada as demais no município de Óbidos. http://www.xupaosso.com.br/index.php/obidos/educacao/3168-duque-de-caxias-teve-a-melhor-pontuacao-do-ideb-em-obidos (classificação de 2014); http://www.xupaosso.com.br/index.php/obidos/educacao/1591-a-escola-duque-de-caxias-tem-a-melhor-media-do-ideb (classificação de 2012); além disso, a escola apresentou um dos melhores índices nos últimos anos: 2011: 5,3; 2013: 5,6; e em 2015: 5,8, sempre acima da meta; b) Ainda que a estrutura física não seja a mais adequada à escola possui central de ar em todas as suas salas conquista da própria comunidade escolar que se mobilizou para a aquisição das centrais. Para um argumento raso, no entanto, chega quase ser um privilégio uma vez que quase todos os alunos da rede pública têm de suportar o calor infernal das salas; c) O pouco número de alunos por turma o que deveria ser visto como algo positivo, pois como sabemos com poucos alunos o professor pode desenvolver um trabalho melhor; d) História e tradição na educação obidense. São 48 anos construindo a formação educacional de milhares de pessoas; e) Escola é Escola e como tal não pode simplesmente ser vista como um bem que chegou ao fim de sua vida útil.
Por fim, faço um apelo aos gestores do município, em especial prefeito e vereadores. Não joguemos uma pá de cal em mais uma história desse município. Ao invés de fechar a escola, embora haja competência e legalidade para tal, por que não pensar um pouquinho mais e tentar propor junto à comunidade escolar uma solução para os problemas existentes?
Que, ao passo que este artigo seja lido por você, amigo leitor, a escola ainda exista, haja aula, haja vida naquele espaço. Mas se do contrário nada disso venha a permanecer convido desde você a ler meu futuro artigo: Óbidos a “cidade do já teve”...

Some-se a nós. Diga NÃO você também. 

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Por novas lembranças imagéticas

Quando iniciamos o aprendizado de aprender a fotografar tudo se torna fotografável aos nossos olhos. Logo, o nosso álbum virtual cresce de tal forma que não conseguimos mais espaço para guardar tudo aquilo que clicamos. E como imagens essas capturas ganham simbolismo especial ao passo que relutamos muitas vezes em apagar esta ou aquela imagem. Mas chega o momento em nosso progresso que precisamos recapturar de forma nova todos os instantes inúmeras vezes clicados por nós. Temos que matar aquelas velhas imagens!
Uma foto é muito mais que uma impressão num quadro, ou as curtidas recebidas quando exposta em rede social. Fotografias são memórias imagéticas. São traduções de uma vida, de um recorte (a)temporal, de alegrias e tristezas reveladas por meio de um processo mecânico-químico. Mas uma fotografia não pode tornar mecânico o olhar do operador da câmera. Por isso, matei minhas fotografias antigas (deletei literalmente). Pus-me num processo de fazer totalmente novo o velho; de dar luz a novos ângulos e conceitos próprios.
E hoje, que comemoramos o dia do fotógrafo mais que nunca (re)pensemos no nosso conceito de produção de imagens, no nosso conceito de memórias imagéticas uma vez que, a todos que fazem uso da criação de imagens (fotografando), recebem também o título de fotógrafos. Sim! Fotógrafos todos são. E por isso, nos compete o processo de recriação.
Matemos nossas antigas memórias imagéticas; e façamos vir à luz todas as fotografias inéditas.

Viva a fotografia!!!