Escrevo ao
filho que tenho.
Ao filho que
me faz ficar tolo, dengoso, manhoso...
Que me faz
traçar diálogos no Bebenês, no iti malia...
Que faz
despertar em mim um conceito novo de amar te amando.
Que me faz
imaginar dedicatórias acadêmicas em teu nome.
Escrevo ao
filho que toma do café que faço,
Que assiste
comigo a filmes não comerciais
Que ainda
ouve minhas músicas e
Escuta minhas
histórias literárias.
Escrevo ao
filho que rouba meu lugar no sofá
E que me
expulsará da cama.
Que me faz
amar...
Que me faz amá-lo...
Que me faz
antes de tudo ficar tão bobo imaginando:
Os dias que
ainda faltam para te ver sorrindo
Pra te ver
andando...
Os dias em
que irei acalentar teu choro em prantos.
Te segurando
em meus braços e te ninando:
“Dorme neném que a cuca vai pegar, mamãe
foi para roça e papai foi trabalhar”.
Óbidos, 2020