De que o Mascarado Fobó é a estrela cultural
maior do carnaval obidense, isso a maioria dos foliões já sabe. Mas o que,
tanto os foliões que acompanham o compasso do mascarado vestido de roupa
inusitada pelas ladeiras, ou mesmo, os simpatizantes que apreciam a passagem
desta personagem em frente de suas casas desconhecem é a ainda não tão bem
explicada origem do famigerado folião. A princípio, a provável origem do nome
Fobó vem de terras de muito além-mar e nos conduz ao mito grego do deus Fobos (Phobos = medo), filho de Ares (Marte), o
deus da guerra. Narra o mito, que os soldados usavam a figura de Fobos nos
escudos nos campos de batalha para assustar os inimigos. Seria essa a significação
do nosso mascarado? Um misto de “palhaço alegórico” que, embora compassei ao
som das marchinhas, ao mesmo tempo, assusta e causa espanto?
Parece
não haver na literatura escrita obidense fatos que comprovem a origem do
misterioso personagem. Tudo o que se sabe hoje, advém do conhecimento coletivo
que ao longo dos anos vem sendo transmitido aos mais novos. A explicação mais
comum que se tem por aqui, copiada em praticamente todos os sítios obidenses,
diz que o Fobó “é um
misto de risos, medo, admiração e alegria; ora causa espanto às crianças que o
temem por suas bexigas, ora causa risos, mas também, aguça a ira das pessoas
que, banhadas em suas portas ou nas esquinas, recebem do Fobó polvilhadas de
Maisena”. (CD Carnapauxis: a festa do Mascarado Fobó. Óbidos). Embora,
o encarte tente definir o Fobó obidense fazendo-nos crer numa possível analogia,
no mínimo etimológica, ao Phobos
grego, o pequeno texto não lança luz sobre a origem do misterioso mascarado.
Se
navegarmos até a cultura popular da nossa irmã portuguesa perceberemos que além
do mesmo nome a Óbidos de Portugal mantém parentesco cultural com o Mascarado
Fobó daqui com o seu Careto: personagem que utiliza máscara confeccionada de madeira. Teria então nosso folião chegado em terras amazônicas
por meio da difusão cultural portuguesa que se teve por aqui com a chegada dos
primeiros colonizadores? Tese parecida também pode ser encontrada em outro
encarte de Cd quando afirma que “o
carnaval obidense teve suas primeiras manifestações no século XVIII, quando a
cultura de Portugal chegou ao Brasil sob o nome de Entrudo, que era um desafio travado entre as famílias tradicionais
simbolizando a alegria da época da quadra momesca,
tradição essa que somente em 1918 deu lugar ao então chamado carnaval”.
Indefinições...
Mas o certo mesmo é que o Mascarado Fobó ainda vive na cultura do carnaval
obidense, o CARNAPAUXIS (embora apareça quase que exclusivamente no Bloco
Unidos do Morro). Talvez não mais na mesma proporção do passado. Talvez não
mais como questionador político. Ou até mesmo, sem o poder de ser assustador.
Ou, ainda, sem as peripécias que um dia o caracterizaram. Mas ainda sim, sem
deixar a mascara cair. Sem deixar ser “manjado”.
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