quinta-feira, 8 de março de 2012

Resenha: O ESTUDO ANALÍTICO DO POEMA

CÂNDIDO, Antonio. O Estudo Analítico do Poema (1996).  

Lembrando o questionamento proposto no resumo do livro da Norma Goldstein: Versos, sons, ritmos com relação à existência de uma receita para interpretação de um poema, saberemos que a resposta é negativa. Mas se tratando de uma análise existiriam receitas? Nesse caso sim!
Em O Estudo Analítico do Poema (1996), Antônio Cândido trata dos meios utilizados para se analisar um poema. Os meios podem ser classificados em duas grandes partes: os fundamentos do poema e as unidades expressivas. Vale ressaltar que para esse autor existe uma diferença entre a interpretação e análise. No entanto, tais diferenças não se tornam objeto de estudo. Ficando a análise como tópico principal.
O livro nasceu das aulas ministradas por Antônio Cândido no Curso de Letras da Universidade de São Paulo nos anos de1963 e 1964 para o 4° ano de Teoria Literária. Se naqueles anos, tinha-se apenas páginas mimeografadas com conteúdo literário com um fim especifico: o debate em sala de aula. Anos mais tarde O Estudo Analítico do Poema passou a compor o cânone das obras que tratam do estudo do poema. Mais que isso, o livro tornou-se um programa clássico de análise poética, não apenas freqüentemente lembrado por alunos de Antônio Cândido, mas também explorado como método por professores universitários de todo país.
Como já citado anteriormente, o livro pode ser estudado em duas grandes partes: os fundamentos do poema e as unidades expressivas. Com relação à primeira, baseando-nos na Teoria dos Gêneros Literários, saberemos que existem critérios classificatórios para determinadas produções literárias. Assim, para que um poema seja de fato classificado como poema, nele devem constar elementos caracterizadores desse estilo. Antônio Cândido trabalha, a priori, os elementos que sustentam o corpo esquelético do poema: a sonoridade, a rima, o ritmo, o metro, o verso.
Sobre cada elemento desses Antonio Candido discorre da importância, classificação e modo de uso. Não se trata apenas de um estudo teórico, pois há uma relação entre o ponto de vista teórico, e aqui se apóia em estudiosos importantes como: Emil Staiger, Grammont e outros, e a prática. Está consolidada em grande parte nas obras de Manuel Bandeira. Por que este? Pois segundo o autor, Manuel Bandeira talvez seja o único poeta brasileiro em que se podem enquadrar os diferentes tipos de análises de poemas.
É interessante observar a abordagem meio filosófica apresentada quanto aos fundamentos do poema. Exemplo que temos diz respeito ao ritmo. Sabemos que toda a vida se desenrola num determinado ritmo. O chamado compasso da vida. Esse compasso rítmico deve ser inerente ao poema. Mas o que gera isso? Justamente a combinação sonora entre fonemas. Esta questão de definição é clara para o autor. O questionamento lançado, diz respeito se essa capacidade rítmica sonora é uma unidade inata ao homem ou criação deste?

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