domingo, 3 de maio de 2015

Resenha do livro Proust e a Fotografia


Advirto desde já o leitor: este livro não é sobre fotografia. Mas sobre a correspondência entre o fotográfico e o literário. Ou melhor dizendo: sobre o olhar óptico capaz tanto de eternizar um momento por meio da descrição escrita ou fotográfica. Sendo assim, não é um livro para fotógrafos preocupados em apenas “clicar”.
Em Proust e a Fotografia (Brassai, 2005) o autor nos apresenta a maneira fotográfica pela qual, muitas vezes, Marcel Proust nos narra a história do seu Em busca do Tempo Perdido – obra celebre de mais de três mil páginas. Para isso, Brassai cita trechos dessa saga proustiana para comprovar a relação da literatura de Proust com a fotografia. Este último chega a convidar o leitor a ler como se estivesse usando uma “lente” para ver se enxerga (ler) melhor a obra. Ele ainda compara o próprio livro a “uma espécie de instrumento óptico”. Brassai ainda ressalta as inúmeras metáforas fotográficas usadas por Marcel tais como: “instantâneo”, “impressão”, “clichê”, “câmara escura”, “revelação”, “fixação”.
Mas não é apenas com trechos da obra de Proust que Brassai utiliza-se para dialogar entre essas duas maneiras de se fazer arte. Este amigo de mais de 40 anos do escritor francês cita fatos em que a fotografia fazia parte da vida particular de Proust como o seu gosto por retratos de si, e a cerimônia de preparação da família Proust para ir ao fotógrafo.
O livro ainda conta com 16 fotografias do autor. Ao todo, trata-se de uma daquelas obras de correspondência entre as artes. No caso, fotografia e literatura. Aos leitores, entusiastas da fotografia, não diria que o livro é essencial. Pois, só teria sentido lê-lo caso o leitor conhecesse um pouco de literatura, e, minimamente, a produção proustiana. Já para os literatos a obra ajuda muito a compreender a maneira narrativa literária pela qual nosso Proust tanto se diferenciou dos demais escritores.  
Agora a pergunta cabal: indico a obra? Por gostar de fotografia e por ser formado em Letras, com dedicação a literatura, é claro que o indico.



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