quarta-feira, 2 de maio de 2012

O que foi a Poesia Concreta ou Concretismo


O Concretismo ou Poesia Concreta é a primeira manifestação do novo tipo de se fazer poesia. Ela é fruto do avanço da tecnologia, somada a aceitação cada vez mais ampla da linguagem e dos meios de comunicação de massa o que levou a busca por novas formas de expressão (Faraco e Moura, Literatura Brasileira, pg, 380).
Uma boa definição dessa literatura encontra-se na História Concisa da Literatura Brasileira do professor Alfredo Bosi, que aqui transcrevo: “o Concretismo afirmou-se como antítese a vertente intimista e estetizante dos anos de 40 e repropôs temas, formas e, não raro, atitudes peculiares ao Modernismo de 22 em sua fase mais polêmica e aderente às vanguardas européias. Os poetas concretos entendem levar até as últimas conseqüências certos processos estruturais que marcaram o futurismo, dadaísmo, e em parte o surrealismo ao menos no que este significa de exaltação do imaginário e do fazer poético. São processos que visam atingir e a explorar as camadas materiais do significante (o som, a letra impressa, a linha, a superfície da página) e, por isso, levam a rejeitar toda a concepção que esgote nos temas ou na realidade psíquica do emissor o interesse e a valia da obra. A poesia concreta quer-se abertamente antiexpressionista”.
O leitor deve ter percebido que o grande diferencial dessa poesia encontra-se no ato de o poeta querer traduzir uma mensagem pelo o que o significante possa vir a dizer ao leitor. A estética visual é muito importante. Nisso podemos elencar as seguintes características:
  • Abolição do verso;
  • Aproveitamento do espaço: os brancos da folha e a própria disposição das palavras no papel adquiriram um significado;
  • Exploração do significante da palavra: do seu conteúdo sonoro e visual;
  • Rejeição do lirismo;
  • Rejeição do tema: o poema passa a ser considerado como um objeto em si, como se fosse um quadro, não mais como veículo para uma ideia ou sentimento;
  • Possibilidades de leituras múltiplas: com a nova forma de dispor o poema sobre a folha em branco, criaram-se novas formas de leituras: vertical, horizontal e até mesmo diagonal;
Ainda com o professor Alfredo Bosi, temos uma ótima definição das principais características dessa poesia: “na medida em que o material do significante assume o primeiro plano, verbal e visual, o poeta concreto inova em vários campos”. a) no campo semântico: ideogramas, polissemia, trocadilho (de forma geral um apelo à comunicação não verbal); b) no campo sintático: ilhamento ou atomização das partes do discurso; redistribuição de elementos; ruptura com a sintaxe da proposição; c) no campo léxico: substantivos concretos, neologismos, tecnicismos, estrangeirismos, siglas, termos plurilíngües; d) no campo morfológico: desintegração dos sintagmas em seus morfemas; separação dos prefixos, dos radicais, dos sufixos; uso intensivo de certos morfemas; e) no campo fonético: figuras de repetição sonora (aliterações, assonâncias, rimas internas, homoteleutons); jogos sonoros; f) no campo topográfico: abolição do verso, não linearidade; uso construtivo dos espaços brancos; ausência de sinais de pontuação; sintaxe gráfica. 
 
Principais autores: Decio Pgnatari, Augusto dos Campos, Haroldo dos Campos, Pedro Xisto, Wlademir Dias Pino e Ferreira Gullar
 
Esta primeira parece ter inspirado o surgimento das outras formas de poesia desse período. Na verdade muitos poetas concretistas acabaram abandonando o grupo e ajudando a formar outros, a partir de seus pontos de vista com relação ao modo de se compor.

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