O
Concretismo ou Poesia Concreta é a primeira manifestação do novo
tipo de se fazer poesia. Ela é fruto do avanço da tecnologia,
somada a aceitação cada vez mais ampla da linguagem e dos meios de
comunicação de massa o que levou a busca por novas formas de
expressão (Faraco e Moura, Literatura Brasileira, pg, 380).
Uma
boa definição dessa literatura encontra-se na História
Concisa da Literatura Brasileira do
professor Alfredo
Bosi,
que aqui transcrevo: “o Concretismo afirmou-se como antítese a
vertente intimista e estetizante dos anos de 40 e repropôs temas,
formas e, não raro, atitudes peculiares ao Modernismo de 22 em sua
fase mais polêmica e aderente às vanguardas européias. Os poetas
concretos entendem levar até as últimas conseqüências certos
processos estruturais que marcaram o futurismo, dadaísmo, e em parte
o surrealismo ao menos no que este significa de exaltação do
imaginário e do fazer
poético.
São
processos que visam atingir e a explorar as camadas materiais do
significante
(o
som, a letra impressa, a linha, a superfície da página)
e,
por isso, levam a rejeitar toda a concepção que esgote nos temas ou
na realidade psíquica do emissor o interesse e a valia da obra.
A
poesia concreta quer-se abertamente antiexpressionista”.
O
leitor deve ter percebido que o grande diferencial dessa poesia
encontra-se no ato de o poeta querer traduzir uma mensagem pelo o que
o significante possa vir a dizer ao leitor. A estética visual é
muito importante. Nisso podemos elencar as seguintes
características:
- Abolição do verso;
- Aproveitamento do espaço: os brancos da folha e a própria disposição das palavras no papel adquiriram um significado;
- Exploração do significante da palavra: do seu conteúdo sonoro e visual;
- Rejeição do lirismo;
- Rejeição do tema: o poema passa a ser considerado como um objeto em si, como se fosse um quadro, não mais como veículo para uma ideia ou sentimento;
- Possibilidades de leituras múltiplas: com a nova forma de dispor o poema sobre a folha em branco, criaram-se novas formas de leituras: vertical, horizontal e até mesmo diagonal;
Ainda
com o professor Alfredo
Bosi,
temos uma ótima definição das principais características dessa
poesia: “na medida em que o material do significante assume o
primeiro plano, verbal e visual, o poeta concreto inova em vários
campos”. a)
no
campo semântico:
ideogramas, polissemia, trocadilho (de
forma geral um apelo à comunicação não verbal);
b)
no
campo sintático:
ilhamento ou atomização das partes do discurso; redistribuição de
elementos; ruptura com a sintaxe da proposição; c)
no
campo léxico:
substantivos concretos, neologismos, tecnicismos, estrangeirismos,
siglas, termos plurilíngües; d)
no campo morfológico:
desintegração dos sintagmas em seus morfemas; separação dos
prefixos, dos radicais, dos sufixos; uso intensivo de certos
morfemas; e)
no campo fonético:
figuras de repetição sonora (aliterações, assonâncias, rimas
internas, homoteleutons); jogos sonoros; f)
no campo topográfico:
abolição do verso, não linearidade; uso construtivo dos espaços
brancos; ausência de sinais de pontuação; sintaxe gráfica.
Principais
autores:
Decio
Pgnatari, Augusto dos Campos, Haroldo dos Campos, Pedro Xisto,
Wlademir Dias Pino e Ferreira Gullar.
Esta
primeira parece ter inspirado o surgimento das outras formas de
poesia desse período. Na verdade muitos poetas concretistas acabaram
abandonando o grupo e ajudando a formar outros, a partir de seus
pontos de vista com relação ao modo de se compor.
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