No último domingo (27/05) fomos reconhecer o percusso da próxima etapa do moutain bike. Uma trilha sensacional. Veja as fotos
terça-feira, 29 de maio de 2012
sexta-feira, 4 de maio de 2012
O que foi a Poesia Marginal?
Pode o leitor
curioso indagar-se sobre o nome dado a tal poesia: marginal? Um
estudioso do próprio movimento explica a origem do nome: “Os
livros são muitas vezes rodados em mimeógrafos – o que deu margem
a que se falasse em uma geração do mimeógrafo – às vezes em
offset ou processos semelhantes, as tiragens são pequenas, os
trabalhos tem frequentemente, um acabamento material bastante rústico
[...] A venda se dá, geralmente, de mão em mão, sendo realizada
muitas vezes pelo próprio autor ou por amigos deste e percorrendo um
circuito mais ou menos fixo de bares ou restaurantes, portas de
cinema, teatro ou mesmo universidades”. (Carlos
A. Messeder Apud Faraco & Moura, Literatura Brasileira, pg. 386)
É
mais fácil entender essa poesia quando compreendemos o modo de
produção já iniciado no parágrafo acima. Os poetas dessa geração
recusavam os métodos tradicionais de produção e distribuição de
sua obra.
Um
bom exemplo dessa poesia é a antologia 26
poetas hoje
em que
os poetas buscavam alternativas contra a noção de autoridade, tanto
política quanto estética, donde decorre o tom de ameaça de seus
versos. Agredindo o cânone e misturando registros, a poesia deles
não parecia poesia. Assim como a realidade não parecia real [...]
Deboche, humor, busca de desleixo na forma. Isso explica o nome de
poesia marginal [...] Os textos primam pela busca da singularidade,
quase sempre a partir do mesmo processo, que seria a apropriação do
lado contrario dos discursos (Professor
Ivan Teixeira, em artigo na Revista Metáfora, ano I-N°6-2012, pg
56).
Principais
características:
- Elege a denúncia em lugar da beleza;
- Sofre influências do Concretismo, do Poema/processo, como também de algumas ideias do inicio do nosso Modernismo;
- Desprezo pelo chamado “bom gosto” da classe dominante;
- Predomina o coloquialismo e a fusão de poesia e prosa;
- Uso da ironia;
Principais
poetas e obras:
Cacaso, Beijo
na boca;
Ana Cristina César, A
teus pés;
Paulo Leminski, Melhores
poemas;
Torquato Neto; Zulmira Ribeiro Tavares.
A
Herança Pós-Vanguarda para a qualidade e evolução de nossa
Literatura Brasileira
O
período pós-vanguarda de nossa literatura, no que se contemplam as
tendências pós 22, foi muito rico para a evolução literária da
nossa produção artística.
Isso
se torna evidente quando percebemos que nesse período, nossos
poetas, buscaram a produção de uma literatura voltada muito mais
para o meio social em que viviam, do que para experiências
européias. Vale ressaltar que o nosso Concretismo foi difundido pelo
mundo.
O
novo modo de pensar a poesia e com ela a produção de uma literatura
até hoje é perceptível em muitos de nossos poetas. Exemplos são a
estética literária, os temas, a liberdade dos versos, a produção
dos contos etc.
Brasil
década de 70
Nos
tristes e repressivos anos 70, a poesia rompeu o compromisso com a
realidade e com o intelectualismo modernistas e passou a ser
marginal, diluidora, anticultural, pós-moderna.
A
década de 70 começou sobre a terrível sombra do AI-5, anunciador
de um tempo nebuloso, que abalaria nossa historia política. Aqueles
que viveram o grande sonho dos anos 60 agora estavam exilados,
silenciados desencantados. A precipitação da juventude radicalizada
na guerrilha, nas “viagens” proporcionadas por drogas, no
“desbunde”, acentuou-se no silencio de um vazio cultural. No
entanto a poesia que os jovens poetas apresentaram, distribuídas de
mão em mão, impressa em mimeografo, declamadas em bate papos de
botecos, foi extremamente atenta as crises político-existencias da
história de seu tempo e redimensionou um conceito já fora de moda
do poeta como individuo sofrido, abatido, recolhido.
Um
clima ideológico que combina frustração e medo provocou descrença
geral em relação a projetos e planos futuros. Censores da Polícia
Federal estavam presentes nas redações de jornais e revistas, nas
emissoras de rádios e TV. Em fim um clima de forte ditadura e
repressão cultural.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
O que foi a Poesia Práxis?

Se
por um lado, no concretismo, tínhamos como exaltação maior a
“palavra-coisa”, agora na poesia práxis temos a
“palavra-energia”, valorizando a palavra mais no seu contexto
extralingüístico, mantendo, portanto, uma ligação forte com a
realidade social. “Assim,
enquanto o concretismo – que sustentava ser o conteúdo de um poema
sua própria estrutura – insistia numa reificação da linguagem e
do texto, o poema práxis é definido, em seu manifesto, como aquele
que organiza e monta, esteticamente, uma realidade situada, segundo
três condições de ação:”
(Revista da USP) a)
o ato de compor:
que consiste em uma tomada de consciência, por parte do poeta, do
seu próprio projeto semântico. Vale dizer: o poeta, ao elaborar um
poema, não deve prender-se a esquemas formais predeterminados,
deixando de lado a realidade viva e o significado humano daquilo
sobre o que ou em função do escreve; b)
a área de levantamento:
o “manifesto didático” prevê que o autor práxis não escreve
sobre temas e nem tematiza a realidade e o objeto de sua escritura.
Pela própria natureza de compor, o autor busca as contradições
internas dessa realidade e objeto e os transforma em problemas,
virtualizando os seus sentidos possíveis; c)
o ato de consumir:
corresponde a uma reformulação da relação tradicional entre autor
e leitor. Este deixa de ser destinatário passivo e assume o papel de
co-autor daquele, já que, pela estrutura móvel do texto práxis,
ele pode interferir nessa estrutura e tomá-la como pré-texto, para
outras soluções de linguagem e de redimensionamento do seu sentido
original, dentro da mesma área levantada.
Principais
autores e suas obras: Armando
Freitas Filho, livro de poemas práxis Palavra
(1963);
Mauro Gama, Corpo
Verbal
(1964); Antonio Carlos Cabral, Diadiário
cotidiano (1964);
Ivone Geanetti Fonseca, A
fala e a forma (1964);
Camargo Méier, Cartilha
(1964); Cassiano Ricardo, Jeremias
sem chorar
(1964);
Características
das principais obras: a)
uso
do signo lingüístico considerado matéria prima de produção e
transformação textual;
b)
o trabalho
com a palavra considerada “matriz estruturante” e genética do
poema num espaço verbal (o espaço em preto) predominantemente
permutacional;
c)
a
construção do poema, ao nível do significante e do significado,
capaz de se abrir a interferência do leitor ou co-autor;
quarta-feira, 2 de maio de 2012
O que foi o Poema Processo?

Se
na poesia concretista a palavra vinha em primeiro plano, pois era por
meio de sua disposição na folha em branco que o leitor propunha a
sua leitura do poema, agora a palavra é posta em segundo plano, uma
vez que o novo poeta utiliza-se quase que exclusivamente de signos
visuais. “Basicamente, procura explorar as possibilidades poéticas
contidas em signos não-verbais. Trata-se de uma mensagem mais para
ser vista do que para ser lida” (Faraco
e Moura, Literatura Brasileira, pg, 383).
Características
do Poema/processo:
- Romper o bloqueio crítico e editorial que se fazia sentir desde as primeiras tentativas de divulgação e publicação de poemas que não exclusivamente verbais;
- Marca para os novos poetas um novo tipo de trabalho intersemiótico que, ou ficava fora da literatura, ou a dimensionava para além dos limites em que ela se estava colocando;
- Afirmar que a poesia existente nos livros rasgados não podia servir de modelo, pois estava superada e, ainda mais, porque a poesia é invenção e não cópia;
- Questionar o verso como único elemento de força criadora poética, diante da realidade técnica, informacional, científica e cultural da época;
- Assumir uma ação/significante que se apresentasse política no contexto daqueles duros anos;
O
nome de destaque desse grupo é o do poeta Wlademir
Dias Pino.
Outros poetas: Ariel
Tecla; José Cláudio; Neide Dias de Sã; Dailor Varela; Nei
Leandro de Castro; Cristina Felício dos Santos; Moaci Cirne; Álvaro
de Sá; Celso Dias; Aquiles Branco; Ronaldo Werneck; Anabela Cunha
e outros.
O que foi a Poesia Concreta ou Concretismo

Uma
boa definição dessa literatura encontra-se na História
Concisa da Literatura Brasileira do
professor Alfredo
Bosi,
que aqui transcrevo: “o Concretismo afirmou-se como antítese a
vertente intimista e estetizante dos anos de 40 e repropôs temas,
formas e, não raro, atitudes peculiares ao Modernismo de 22 em sua
fase mais polêmica e aderente às vanguardas européias. Os poetas
concretos entendem levar até as últimas conseqüências certos
processos estruturais que marcaram o futurismo, dadaísmo, e em parte
o surrealismo ao menos no que este significa de exaltação do
imaginário e do fazer
poético.
São
processos que visam atingir e a explorar as camadas materiais do
significante
(o
som, a letra impressa, a linha, a superfície da página)
e,
por isso, levam a rejeitar toda a concepção que esgote nos temas ou
na realidade psíquica do emissor o interesse e a valia da obra.
A
poesia concreta quer-se abertamente antiexpressionista”.
O
leitor deve ter percebido que o grande diferencial dessa poesia
encontra-se no ato de o poeta querer traduzir uma mensagem pelo o que
o significante possa vir a dizer ao leitor. A estética visual é
muito importante. Nisso podemos elencar as seguintes
características:
- Abolição do verso;
- Aproveitamento do espaço: os brancos da folha e a própria disposição das palavras no papel adquiriram um significado;
- Exploração do significante da palavra: do seu conteúdo sonoro e visual;
- Rejeição do lirismo;
- Rejeição do tema: o poema passa a ser considerado como um objeto em si, como se fosse um quadro, não mais como veículo para uma ideia ou sentimento;
- Possibilidades de leituras múltiplas: com a nova forma de dispor o poema sobre a folha em branco, criaram-se novas formas de leituras: vertical, horizontal e até mesmo diagonal;
Ainda
com o professor Alfredo
Bosi,
temos uma ótima definição das principais características dessa
poesia: “na medida em que o material do significante assume o
primeiro plano, verbal e visual, o poeta concreto inova em vários
campos”. a)
no
campo semântico:
ideogramas, polissemia, trocadilho (de
forma geral um apelo à comunicação não verbal);
b)
no
campo sintático:
ilhamento ou atomização das partes do discurso; redistribuição de
elementos; ruptura com a sintaxe da proposição; c)
no
campo léxico:
substantivos concretos, neologismos, tecnicismos, estrangeirismos,
siglas, termos plurilíngües; d)
no campo morfológico:
desintegração dos sintagmas em seus morfemas; separação dos
prefixos, dos radicais, dos sufixos; uso intensivo de certos
morfemas; e)
no campo fonético:
figuras de repetição sonora (aliterações, assonâncias, rimas
internas, homoteleutons); jogos sonoros; f)
no campo topográfico:
abolição do verso, não linearidade; uso construtivo dos espaços
brancos; ausência de sinais de pontuação; sintaxe gráfica.
Principais
autores:
Decio
Pgnatari, Augusto dos Campos, Haroldo dos Campos, Pedro Xisto,
Wlademir Dias Pino e Ferreira Gullar.
Esta
primeira parece ter inspirado o surgimento das outras formas de
poesia desse período. Na verdade muitos poetas concretistas acabaram
abandonando o grupo e ajudando a formar outros, a partir de seus
pontos de vista com relação ao modo de se compor.
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