sexta-feira, 22 de maio de 2015

Como nascem os textos



Muitos pensam que os textos nascem da noite para o dia. Ledo engano. Textos passam por uma longa gestação até conhecerem a luz do mundo, ou as primeiras linhas do papel em branco. Essa gestação textual começa lá com as primeiras leituras e casos vivenciados do cotidiano do escritor. Ou até mesmo, um fato inusitado que nos inspira a escrever. Mas não escrevemos só sobre o fato. O que enriquece o fato a ser contado são as leituras que já fizemos. Lembrei-me de “a Viagem do elefante”, do Saramago. Ideia produzida a partir de uma imagem vista pelo escritor em um restaurante. Outro exemplo, este de conhecer para escrever, é o de Mário de Andrade que em apenas seis dias ininterruptos deu o sopro de vida a uma das obras basilares do nosso Modernismo: a rapsódia Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Embora o tempo de escrita pareça ter sido milagroso, não nos esqueçamos de suas andanças por nossa Amazônia em busca de nossas lendas.

Além desse conhecimento de leitor obrigatório a todo aquele que almeja, no mínimo, escrever com competência, temos o estado espiritual, afetivo ou físico responsável, também, pelo nascimento dos textos. Li certa vez que escritores consagrados tinham manias estranhas durante o seu processo de criação. Uns até preferiam ficar despidos enquanto datilografavam suas histórias. Era como se fosse, creio eu, uma forma sobrenatural ou bem natural de encontrar o caminho certo das palavras.

Já no presente, em que poesias podem ser guardadas nas “nuvens”, existem até cursos de escrita criativa. Alguns até juram revelar futuros Pessoas, ou Machados. Servem na verdade de pré-natal textual. Mas se um texto advém dessas condições só nos reforça a ideia de que seu nascimento é humano. Logo, qualquer pessoa pode exercer a paternidade ou maternidade textual.

Sendo assim, agora quando formos ler qualquer texto (até mesmo este) pensemos no seu processo de criação. Atentemo-nos para a sua intertextualidade que lhe dá a forma. E mais: além de contemplar o filho alheio façamos o nosso. Façamos dum cantinho de nossa casa uma maternidade de poesias, poemas, contos, causos...

Demos luz aos textos!

2 comentários:

  1. MARIA DA CONCEICAO M.VIDAL7 de setembro de 2016 às 12:59

    Amei seu trabalho, sua história, mas creio que ser escritor é DOM, assim como a oratória. SUCESSO!

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  2. Muito obrigado pelo comentário e incentivo

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