Muitos
pensam que os textos nascem da noite para o dia. Ledo engano. Textos passam por
uma longa gestação até conhecerem a luz do mundo, ou as primeiras linhas do
papel em branco. Essa gestação textual começa lá com as primeiras leituras e
casos vivenciados do cotidiano do escritor. Ou até mesmo, um fato inusitado que
nos inspira a escrever. Mas não escrevemos só sobre o fato. O que enriquece o
fato a ser contado são as leituras que já fizemos. Lembrei-me de “a Viagem do
elefante”, do Saramago. Ideia produzida a partir de uma imagem vista pelo
escritor em um restaurante. Outro exemplo, este de conhecer para escrever, é o
de Mário de Andrade que em apenas seis dias ininterruptos deu o sopro de vida a
uma das obras basilares do nosso Modernismo: a rapsódia Macunaíma, o herói
sem nenhum caráter. Embora o tempo
de escrita pareça ter sido milagroso, não nos esqueçamos de suas andanças por
nossa Amazônia em busca de nossas lendas.
Além desse conhecimento de leitor obrigatório a
todo aquele que almeja, no mínimo, escrever com competência, temos o estado
espiritual, afetivo ou físico responsável, também, pelo nascimento dos textos.
Li certa vez que escritores consagrados tinham manias estranhas durante o seu
processo de criação. Uns até preferiam ficar despidos enquanto datilografavam
suas histórias. Era como se fosse, creio eu, uma forma sobrenatural ou bem
natural de encontrar o caminho certo das palavras.
Já no presente, em que poesias podem ser guardadas
nas “nuvens”, existem até cursos de escrita criativa. Alguns até juram revelar
futuros Pessoas, ou Machados. Servem na verdade de pré-natal textual. Mas se um
texto advém dessas condições só nos reforça a ideia de que seu nascimento é
humano. Logo, qualquer pessoa pode exercer a paternidade ou maternidade
textual.
Sendo assim, agora quando formos ler qualquer texto
(até mesmo este) pensemos no seu processo de criação. Atentemo-nos para a sua
intertextualidade que lhe dá a forma. E mais: além de contemplar o filho alheio
façamos o nosso. Façamos dum cantinho de nossa casa uma maternidade de poesias,
poemas, contos, causos...
Demos luz aos textos!
Amei seu trabalho, sua história, mas creio que ser escritor é DOM, assim como a oratória. SUCESSO!
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário e incentivo
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