Eis
que me entreguei, pela segunda vez, aos apelos de minha senhora e resolvi ir ao
show. MPB, Bossa Nova, música clássica? Que nada. Um show de forró.
Logo
na entrada, uma primeira lição: a de que se deve esperar certa quantidade de
pessoas, já dentro da casa de festa, para se poder entrar. A lógica aqui é que
é preciso uma multidão para a festa ser boa, ou para se ser feliz durante a
noite. Jeito estranho de ser feliz. O poeta nos diria que a nossa felicidade
não pode está condicionada, unicamente, a felicidade do outro.
Entrando,
pude logo perceber que as críticas ao modo de divertimento da grande massa
operária fazem todo o sentido. Eles querem apenas diversão. Não são seletivos.
Quaisquer coisas lhes servem. Diferentemente do literato que só o acima do bom
lhe satisfaz. E por falar em coisas, quantas coisas a serem analisadas no
bendito show.
O
som. Há o som... De uma amplificação tão péssima que de dez palavras cantadas
pela banda, apenas uma se podia entender. Mistério que coube a minha senhora
revelar-me: “a letra pouco importa. O que empolga mesmo é o barulho”. E por
lembrar da banda... É interessante perceber que nesses tipos de shows tem
sempre um pré-show com bandas que, na maioria das vezes, cantam as mesmas músicas
que serão cantadas pela banda principal (égua, juro que isso eu ainda não
consigo entender).
E o
show segue. E as pessoas rodopeiam atônitas no salão na personificação de um
mesmo personagem: a alegria (embora fugaz e efêmera). A cerveja em excesso faz
com que a felicidade chegue antecipada. O vocalista manda os famigerados alôs
(lembrei daqueles alôs que se ouvia na Rádio Rural de Santarém). Tudo muito
diferente do mundo interior do eu pessoal do crítico literário.
Mas
quem disse que o crítico não gostou do que viu, ou ouviu... Prova disso, é que
passados alguns dias as imagens da festa vivem em sua mente, e vez ou outra,
seus lábios balbuciam “versos” do que seria uma das músicas daquela noite:
“Eu puxo teu cabelo,
Dou na tua cara.
Te chamo de cachorra,
Te dou uma pisa de vara...”
Muito legal seu texto...
ResponderExcluirMuito bem contado! Parabéns Rômulo.
ResponderExcluirObrigado minha caríssima Marli
ExcluirObrigado, caríssima Marli
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