No
último dia onze um “crime” chocou parte da população de Óbidos. Embora, tenha
sido um crime bárbaro diante dos olhos de alguns, a fatalidade não fez nenhuma
vítima humana, não deixou ninguém ferido. Mas matou parte da história dos
obidenses ainda preservada nas ruinas da fachada do casario da Bacuri. Isso mesmo,
o crime aqui metafórico, diz respeito à morte de mais um casario na cidade que
ainda é conhecida como a mais portuguesa da Amazônia (digo que ainda é, pois no
andar das demolições não saberemos até quando poderá ostentar tal título).
O casario
em questão, era aquele situado na rua Deputado Raimundo Chaves, s/n, no centro
histórico de Óbidos. A casa funcionou de sede da empresa francesa “Compagnie Agricole et Commerciale du Bas
Amazone”, em 1907. Lá também serviu de residência para o senador e intendente
municipal Correa Pinto.
Atualmente,
da imponente residência do passado, restavam apenas ruinas e memórias nas
lembranças daqueles que um dia puderam contemplá-la em sua originalidade. Esse estado
de abandono fez com que muitos cidadãos tivessem a ideia errônea de que o único
fim seria mesmo a demolição. No entanto, especialistas afirmaram que ainda era possível
preservar a faixada com o uso de técnicas modernas. Porém, o destino foi mesmo à
derrubada para erguer em seu lugar uma agência bancária.
Este
casario serve de exemplo para refletimos como a memória do município é tratada,
tanto por parte do próprio município como também pelo poder público estadual. Ressaltamos
que, no caso em questão, algumas vozes se levantaram a favor da recuperação do
casario como o ministério público, que recomendou nas duas últimas gestões municipais
o tombamento do imóvel (não atendido pelas gestões municipais). O esforço de
entidades como a AAPBEL, a ARQPEP e a ASAPAM que pediram o
tombamento do casarão junto ao DPHAC/SECULT, numa tentativa de obter uma ação
mais efetiva dos órgãos de preservação no sentido de sua salvaguarda.
Diante
disso tudo, devemos nos perguntar por que uma cidade tão histórica como Óbidos
não preserva seus casarões antigos? Por que o município não cria uma politica
efetiva de parcerias para preservação desses casarios? Por que não se vê na
cidade uma campanha de conscientização quanto à educação patrimonial? São questionamentos
importantes, pois assim como a casa da bacuri temos outros imóveis e bens
tombados que caminham para o mesmo destino. E o que é pior: com apoio de muita
gente que ainda não compreendeu a importância de preservar o maior patrimônio do
município: seus casarões históricos.
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