Em
meados de junho a agosto de 2013 ganhei de presente, do meu professor de
Literatura do Curso de Letras, a oportunidade de substituí-lo em um curso
pré-vestibular aqui de nossa cidade. A princípio fiquei muito feliz por ele ter
me escolhido. Por outro lado, o nervosismo foi muito grande já que seria a
primeira vez que eu lecionaria em um cursinho de “nome”. Confesso que mal
consegui dormir na véspera da estreia. Antes de assumir a função de
substituí-lo assistir duas aulas dele com a turma justamente para ter uma noção
geral de como conduzir a disciplina, que no caso era Literatura.
O
professor me repassou o conteúdo que seria trabalhado com os alunos. Na verdade,
tratava-se mais de uma revisão geral de todo o conteúdo de literatura visando às
provas da UEPA, UFPA e Enem. Ele também me fez algumas orientações a
respeito dos alunos para que eu não caísse nas “pegadinhas” de perguntas que
tentam atestar o nível de conhecimento do professor. Feito isso, deixei o
nervosismo de lado e fui à luta... digo, as aulas.
O
meu primeiro dia, no geral até que foi bem. Lembro que trabalhei sobre o
Romantismo e sua fase ultrarromântica. Para isso, iniciei a aula com a música “Vida Louca”, de Cazuza. O meu grande erro
deste dia, pela falta de prática, foi não saber conduzir a aula no tempo certo,
o que fez com que eu encerrasse faltando quase 30 minutos antes do fim.
Depois
da estreia os “problemas” começaram a aparecer. O primeiro deles foi com
relação à típica comparação que os alunos gostam de fazer entre o professor
substituto e o professor permanente. E neste caso o professor que eu estava
substituindo estava ausente por estar cursando Doutorado em Campinas, e eu
estava ainda terminando a graduação. Para alguns alunos isso jamais poderia
acontecer, embora eu dominasse muito bem o conteúdo. Alguns foram queixar-se
com o proprietário do curso alegando que ali não cabia espaço para um
“estagiário”.
Outro
problema foi de ordem salarial. Antes de iniciar as aulas o combinado era que
eu receberia os valores que seriam pagos ao professor permanente, mas na hora H
a coisa foi bem diferente. Quando recebi o recibo de pagamento o valor foi bem
abaixo das contas que já havia feito confiado nesse dinheiro. Segundo o
proprietário eu não poderia receber o mesmo valor pago ao professor que eu
substituía, pois este era doutorando e eu ainda graduando. Outros “problemas”
também surgiram só que desta vez relacionados aos alunos (problemas pequenos
que acontecem na maioria das salas de aulas).
Um pré-vestibular é um espaço muito bom para o
professor trabalhar. Creio até que seja um espaço de realização profissional.
No geral os alunos estão ali conscientes do que querem, e se dedicam ao máximo.
Mas sempre entre esses bons alunos existem aqueles que pensam que são bons e
que sabem mais que o próprio professor. Aí reside um grande problema que o
professor iniciante deve saber contornar. No meu caso, alguns alunos faziam
perguntas para saber se eu sabia de fato. Outros, na hora da explicação faziam
de tudo para me desestabilizar e me “pegarem” em um erro bobo. E o que eu fazia? Seguia normalmente a
minha aula com o assunto daquele dia.
Deixar bem claro o que irá ser trabalhado na aula não abre margens para
perguntas desvinculadas do foco principal.
No
fim de tudo, a experiência foi muito gratificante. Pena que foi uma experiência
rápida. Mas se eu tivesse a chance de assumir de vez o lugar no curso teria
aceitado com enorme prazer, pois se há um lugar ótimo para se realizar como
professor este lugar é o pré-vestibular.
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