domingo, 27 de abril de 2014

Os desafios do professor iniciante: a primeira vez no Pré-vestibular




Em meados de junho a agosto de 2013 ganhei de presente, do meu professor de Literatura do Curso de Letras, a oportunidade de substituí-lo em um curso pré-vestibular aqui de nossa cidade. A princípio fiquei muito feliz por ele ter me escolhido. Por outro lado, o nervosismo foi muito grande já que seria a primeira vez que eu lecionaria em um cursinho de “nome”. Confesso que mal consegui dormir na véspera da estreia. Antes de assumir a função de substituí-lo assistir duas aulas dele com a turma justamente para ter uma noção geral de como conduzir a disciplina, que no caso era Literatura.

O professor me repassou o conteúdo que seria trabalhado com os alunos. Na verdade, tratava-se mais de uma revisão geral de todo o conteúdo de literatura visando às provas da UEPA, UFPA e Enem. Ele também me fez algumas orientações a respeito dos alunos para que eu não caísse nas “pegadinhas” de perguntas que tentam atestar o nível de conhecimento do professor. Feito isso, deixei o nervosismo de lado e fui à luta... digo, as aulas.

O meu primeiro dia, no geral até que foi bem. Lembro que trabalhei sobre o Romantismo e sua fase ultrarromântica. Para isso, iniciei a aula com a música “Vida Louca”, de Cazuza. O meu grande erro deste dia, pela falta de prática, foi não saber conduzir a aula no tempo certo, o que fez com que eu encerrasse faltando quase 30 minutos antes do fim.   

Depois da estreia os “problemas” começaram a aparecer. O primeiro deles foi com relação à típica comparação que os alunos gostam de fazer entre o professor substituto e o professor permanente. E neste caso o professor que eu estava substituindo estava ausente por estar cursando Doutorado em Campinas, e eu estava ainda terminando a graduação. Para alguns alunos isso jamais poderia acontecer, embora eu dominasse muito bem o conteúdo. Alguns foram queixar-se com o proprietário do curso alegando que ali não cabia espaço para um “estagiário”.

Outro problema foi de ordem salarial. Antes de iniciar as aulas o combinado era que eu receberia os valores que seriam pagos ao professor permanente, mas na hora H a coisa foi bem diferente. Quando recebi o recibo de pagamento o valor foi bem abaixo das contas que já havia feito confiado nesse dinheiro. Segundo o proprietário eu não poderia receber o mesmo valor pago ao professor que eu substituía, pois este era doutorando e eu ainda graduando. Outros “problemas” também surgiram só que desta vez relacionados aos alunos (problemas pequenos que acontecem na maioria das salas de aulas).

 Um pré-vestibular é um espaço muito bom para o professor trabalhar. Creio até que seja um espaço de realização profissional. No geral os alunos estão ali conscientes do que querem, e se dedicam ao máximo. Mas sempre entre esses bons alunos existem aqueles que pensam que são bons e que sabem mais que o próprio professor. Aí reside um grande problema que o professor iniciante deve saber contornar. No meu caso, alguns alunos faziam perguntas para saber se eu sabia de fato. Outros, na hora da explicação faziam de tudo para me desestabilizar e me “pegarem” em um erro bobo. E o que eu fazia? Seguia normalmente a minha aula com o assunto daquele dia. Deixar bem claro o que irá ser trabalhado na aula não abre margens para perguntas desvinculadas do foco principal.

No fim de tudo, a experiência foi muito gratificante. Pena que foi uma experiência rápida. Mas se eu tivesse a chance de assumir de vez o lugar no curso teria aceitado com enorme prazer, pois se há um lugar ótimo para se realizar como professor este lugar é o pré-vestibular.  

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