O comentarista anuncia a
segunda leitura.
Uma senhora de cabelos brancos, de pele enrugada, andar vagaroso e usando óculos antigos quase maiores que sua face, dirige-se ao ambão.
Ela recita a passagem: 1Cor 13. Poê-se a ler. Engole as primeiras palavras. O sacerdote observa. Não a quase semi-leitura da senhora, mas o sentimento que os trechos poéticos fazem reviver em seu coração: o encontro com a perfeição tão almejada. O amor na sua forma mais pura um dia depois do ultimo aleluia na centenária igreja, que, para muitos, poderia ser a profanação do sagrado, mas para eles fora o doce sabor da virtude do pecado.
Já levara o sagrado quando a viu sentada. Agora, somente o altar na sua forma mais bruta. Alias, ele, os vultos e as vozes fantasmas, frutos das missas de corpo presente permaneciam no velho casarão religioso.
Eram irmãos na fé. Expressavam-se por monossílabos. Não disputavam espaço com as vozes fantasmas mas liam no lábio do outro o desejo de expressão. Então, fitando ambos os olhos, ela quebrou o silencio com o período que viera pronunciar: “Sou freira. Sou mulher. Sou mais...”.
O pensamento se fez pequeno e o raciocínio uma tormenta. Nem quatro anos de filosofia foi o suficiente para a compreensão da fala.
“O sentimento existe. E não a porque comprová-lo”. Nessa nova fala, ela lhe trouxera um flash back momentâneo e então o mistério se dera por acabar. Em outrora, no discernimento da vocação, foram amantes na busca da palavra que descrevesse o sentimento amoroso. Ele existiu entre eles, não só de passagem, mas guardado para a vida eterna.
E então o religioso voltou a si e afirmou a existência do sentimento: “adormecido sim. Esquecido jamais.”.
Havia um medo de ser feliz. Agora a matemática do amor ganhava nova expressão: a castidade. E isso o grande peso na vida religiosa trouxera um grande medo de perder a felicidade pelo julgamento moral posterior. Mas ousavam. E desta vez não hesitaram em consumar o ato. Assim, os vultos foram célebres expectadores do paradoxo pecado e virtude, praticado sobre o altar.
Os dogmas foram excluídos. O catecismo da igreja católica caíra por terra. Agora a perfeição tão procurada ganhava alma, porém, ainda incompleta.
Abraçou-a pela cintura. Desceu um pouco mais as mãos. E quando se preparava para introduzir, hesitou. Preferiu somente “selar”. E a partir de um estalo no ar o sentimento se definiu como um lindo e delicioso beijo sobre o altar: O amor na sua forma mais pura e inocente.
Quase já sem forças à senhora terminou a leitura dando um leve piscar de olhos para o sacerdote o mesmo olhar na descoberta real do amor de outrora.
“Agora permanecem essas três coisas: a fé, a esperança e o amor, todavia o amor é o maior”... Concluía ela.
-Palavra do senhor
-Graças a Deus
Uma senhora de cabelos brancos, de pele enrugada, andar vagaroso e usando óculos antigos quase maiores que sua face, dirige-se ao ambão.
Ela recita a passagem: 1Cor 13. Poê-se a ler. Engole as primeiras palavras. O sacerdote observa. Não a quase semi-leitura da senhora, mas o sentimento que os trechos poéticos fazem reviver em seu coração: o encontro com a perfeição tão almejada. O amor na sua forma mais pura um dia depois do ultimo aleluia na centenária igreja, que, para muitos, poderia ser a profanação do sagrado, mas para eles fora o doce sabor da virtude do pecado.
Já levara o sagrado quando a viu sentada. Agora, somente o altar na sua forma mais bruta. Alias, ele, os vultos e as vozes fantasmas, frutos das missas de corpo presente permaneciam no velho casarão religioso.
Eram irmãos na fé. Expressavam-se por monossílabos. Não disputavam espaço com as vozes fantasmas mas liam no lábio do outro o desejo de expressão. Então, fitando ambos os olhos, ela quebrou o silencio com o período que viera pronunciar: “Sou freira. Sou mulher. Sou mais...”.
O pensamento se fez pequeno e o raciocínio uma tormenta. Nem quatro anos de filosofia foi o suficiente para a compreensão da fala.
“O sentimento existe. E não a porque comprová-lo”. Nessa nova fala, ela lhe trouxera um flash back momentâneo e então o mistério se dera por acabar. Em outrora, no discernimento da vocação, foram amantes na busca da palavra que descrevesse o sentimento amoroso. Ele existiu entre eles, não só de passagem, mas guardado para a vida eterna.
E então o religioso voltou a si e afirmou a existência do sentimento: “adormecido sim. Esquecido jamais.”.
Havia um medo de ser feliz. Agora a matemática do amor ganhava nova expressão: a castidade. E isso o grande peso na vida religiosa trouxera um grande medo de perder a felicidade pelo julgamento moral posterior. Mas ousavam. E desta vez não hesitaram em consumar o ato. Assim, os vultos foram célebres expectadores do paradoxo pecado e virtude, praticado sobre o altar.
Os dogmas foram excluídos. O catecismo da igreja católica caíra por terra. Agora a perfeição tão procurada ganhava alma, porém, ainda incompleta.
Abraçou-a pela cintura. Desceu um pouco mais as mãos. E quando se preparava para introduzir, hesitou. Preferiu somente “selar”. E a partir de um estalo no ar o sentimento se definiu como um lindo e delicioso beijo sobre o altar: O amor na sua forma mais pura e inocente.
Quase já sem forças à senhora terminou a leitura dando um leve piscar de olhos para o sacerdote o mesmo olhar na descoberta real do amor de outrora.
“Agora permanecem essas três coisas: a fé, a esperança e o amor, todavia o amor é o maior”... Concluía ela.
-Palavra do senhor
-Graças a Deus
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