Engana-se
quem pensa que ela sentia alguma vergonha do que fazia. Quando indagada sobre o
exercício da profissão respondia sem meio termo: puta! Ela não era prostituta
(termo mais ameno da profissão) era puta mesmo. Na sua cabeça prostituta era
quem atendia a clientes Vips em motéis e ambientes mais requintados da cidade.
E ela, só podia oferecer seus serviços a operários, para os quais o corpo do
produto não tem muita importância. Era uma puta cujo custo X benefício era de
longe o melhor. Puta requenquela que faz atendimento em cabaré sempre cobra
mais barato. E nessa relação financeira todos saem ganhando.
Mas por
trás do corpo há o ser mulher. E esta era veterana na profissão. Havia herdado
o oficio da mãe. A paternidade era um mistério. Poderia ser qualquer um desde o
açougueiro ao aposentado. A aparência era típica de quem cobra não mais que R$
20,00 pelos serviços: semblante sofrível, cabelos mal escovados, unhas mal
feitas, um batom ordinário nos lábios e a vestimenta que só reforçava o que
vendia, no caso, o próprio corpo. A instrução escolar faltava-lhe. Só fazia bom
uso da língua naquilo que a profissão exige. Era vulgar e desbocada. Qualquer
aborrecimento era o suficiente para mandar tomar no... Mas como toda puta velha
metia-se a dar conselhos. Talvez o conselho mais importante não lhe foi dado e,
por isso, o oficio parecia ser familiar.
Dizem
que certo dia ela foi vista na companhia de uma linda jovem, lá pela orla,
observando o vai e vem de carros de luxos como se estivesse ensinando todo o
fluxo daquele movimento.
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