Estava sentado ao meu lado. Calçava sandálias de
pastor. A camisa estava suja de lama. E na mesma proporção, também a calça. O
cabelo crescido e a barba mal feita traziam a lembrança do famigerado
revolucionário argentino Ernesto Che Guevara. A fragrância do perfume já não
mais exalava. No braço esquerdo duas pulseiras artesanais. E nos dedos anéis de
tucumã simbolizavam a sua opção em defesa dos menos favorecidos. Era de fisionomia
pequena: estatura mediana e de pouca gordura.
Ouvia atentamente as palavras de boas vindas do Reitor da Universidade Federal do Pará. Emocionava-se com cada frase pronunciada, cada vírgula pausada, cada entonação da fala. Revivia todo o caminho percorrido até a aprovação. Parecia estar sozinho naquele auditório. O seu silencio era profundo e sua seriedade imperturbável.
Antes narrara a longa jornada até o triunfo da vitória. A vida se resumia no antes e depois do seminário. De lá trouxe consigo o gosto pelas veementes homilias, o trabalho pastoral, a empatia pelos irmãos e o gosto pelo conhecimento. Nunca fora grande amante, no mais tenha vivido um ou outro amor platônico. E daí o fruto de muitos poemas românticos na adolescência.
Na medida em que os poemas surgiam, surgia também o homem intelectual. O gosto pela escrita talvez remeta a mesma idade de Cecília Meireles pelo domínio da língua e da escrita. Daí a opção pela faculdade de letras. E pelo brilho nos olhos o sonho era concretizado. Os olhos não eram dissimulados, mas instigantes. Falavam por si só. Podia-se ver neles, o reflexo perfeito de quem os viam: eram sinceros. Sincera também era a alma de quem os tinham.
O discurso do Reitor findou-se. Aquele jovem, logo desapareceu sem dar-me as considerações da despedida.
No caminho para casa, alegrava-me por dois motivos: Ter conhecido na aula magna um colega de sala. Também por saber que em muito ele se parecia comigo. E confesso sem medo de pecar que naquele momento senti inveja, quis ser o Rômulo, sem mesmo conhecê-lo mais profundamente, sem mesmo me importar com a camisa suja de lama, o cabelo crescido ou a barba mal feita. E o pior: a falta de perfume.
Ouvia atentamente as palavras de boas vindas do Reitor da Universidade Federal do Pará. Emocionava-se com cada frase pronunciada, cada vírgula pausada, cada entonação da fala. Revivia todo o caminho percorrido até a aprovação. Parecia estar sozinho naquele auditório. O seu silencio era profundo e sua seriedade imperturbável.
Antes narrara a longa jornada até o triunfo da vitória. A vida se resumia no antes e depois do seminário. De lá trouxe consigo o gosto pelas veementes homilias, o trabalho pastoral, a empatia pelos irmãos e o gosto pelo conhecimento. Nunca fora grande amante, no mais tenha vivido um ou outro amor platônico. E daí o fruto de muitos poemas românticos na adolescência.
Na medida em que os poemas surgiam, surgia também o homem intelectual. O gosto pela escrita talvez remeta a mesma idade de Cecília Meireles pelo domínio da língua e da escrita. Daí a opção pela faculdade de letras. E pelo brilho nos olhos o sonho era concretizado. Os olhos não eram dissimulados, mas instigantes. Falavam por si só. Podia-se ver neles, o reflexo perfeito de quem os viam: eram sinceros. Sincera também era a alma de quem os tinham.
O discurso do Reitor findou-se. Aquele jovem, logo desapareceu sem dar-me as considerações da despedida.
No caminho para casa, alegrava-me por dois motivos: Ter conhecido na aula magna um colega de sala. Também por saber que em muito ele se parecia comigo. E confesso sem medo de pecar que naquele momento senti inveja, quis ser o Rômulo, sem mesmo conhecê-lo mais profundamente, sem mesmo me importar com a camisa suja de lama, o cabelo crescido ou a barba mal feita. E o pior: a falta de perfume.
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