quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Uma Reflexão sobre a Amizade

A todos aqueles que, a exemplo da Raposa deixam-se cativar pelo Pequeno Príncipe.
Uma Reflexão sobre a Amizade...
Há sentimento fabuloso é este que me fascina. Quando puramente verdadeiro, nele não se encontra a falsidade. Isso porque, ele é divino! Isso mesmo: emanado por Deus! Não existe um homem se quer que possa viver sem ele. Sem amizades o homem morreria. Morreria como o Vinícius de Moraes: “Eu suportaria, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores. Mas enlouquecerias se morressem todos os meus amigos”. Amizade é vida. Vida compartilhada na união com duas ou mais pessoas, pois do contrário, não seria amizade. Ninguém pode ser amigo somente de si mesmo. Deve haver a doação ao outro. A amizade não pode ser egocêntrica. E por falar em egocentrismo, existem muitos “intérpretes de amigos” assim. O amigo livro é um desses, pois sempre que necessitamos de uma palavra amiga, ele nos responde as mesmas coisas durante todo o período de sua vida. O amigo cão pode até ser companheiro, mas deixa o dono chorando sozinho em troca de um osso. Há falsos amigos... Infeliz quem disse que o melhor amigo do homem não é o homem. E quem também profetizou, desgraçadamente: maldito o homem que confia em outro homem. Eu, particularmente, condeno todos esses. O melhor amigo para o homem sempre será outro da sua mesma espécie.
Roberto Carlos cantou: “eu quero ter um milhão de amigos...” Confesso que quando criança desejei alguns. Consegui poucos, porém verdadeiramente verdadeiros. E peço perdão! Amigos não se conseguem, se cativam. Como fez O Pequeno Príncipe na sua bela amizade, apesar de curta, com a raposa. Bela apesar de curta: não importa o tempo que as coisas duram e sim a intensidade com que elas são vividas. Quem me ensinou isso foi O Pequeno Príncipe. E conto-lhes mais um segredo: Ele me ensinou que a essência da amizade consiste na arte de saber cativar o outro. Conto-lhes também essa receita: cativar significa criar laços. Sentir a necessidade do outro. Quando se cativa se ama!
Amor. O que seria das relações de amizades sem esse sentimento divino?Não responda. Não quero gerar tristeza. Quando a relação chega à amizade VERDADEIRA, também se ama. Vive-se o amor! Não um amor carnal abrasador somente de corpos. Não um amor de interesses financeiros. Mas um amor que torna duas almas numa só pelo sacramento da amizade. Bem dizia o Vinícius de Moraes: “... mas enlouquecerias, se morressem todos os meus amigos”. Isso porque faltaria-nos um ombro para chorar. Um ouvido paciente para nossas confissões sentimentais e decepções da vida. Um chão para a aterrissagem segura de nosso coração após seus vôos turbulentos.
E não se guarda amigos na lembrança e sim como diz o Milton Nascimento: “Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito. Dentro do coração...”. E nesse coração sempre deve haver espaço para mais um. Cada amigo é único. E por falar nos amigos guardados no coração (e, aliás, o coração é o único lugar em que eles devem ser guardados), não nos esqueçamos daqueles que, apesar da distância sempre serão lembrados. Num momento ou outro, olharemos a flor do trigo com o seu brilho dourado. Sentiremos tristeza pela dor da separação. Mas nunca devemos nos desfazer dos objetos que nos remetem ao amigo: é essa tristeza que marca a presença de quem esta distante. E nesse sentido a amizade só sobrevive graças a algo que se chama fidelidade: a espera do regresso.
Falando em sobrevivência, creio está nesta pequena oração o segredo das minhas amizades:
“Meu Deus! Não estou preocupado com mais nada. Tudo que sei é que quero te amar: Philia, amor de amizade. Quero que o meu desejo desapareça no teu. Quero ser um único espírito contigo. Quero me tornar todos os teus desejos e pensamentos. Quero viver no centro de tua trindade e louvar-te com as chamas do teu próprio louvor. Eu quero ser simplesmente TEU AMIGO”. E por esse desejo ter sido atendido, valeu a pena o universo ter sido criado.

Autor: Rômulo José

2 comentários:

  1. Olá caro amigo, apreciei muito seu blog, suas influências literárias são, de fato, muito boas... Mas gostaria, se me permite, uma pequena correção: a frase 'Eu suportaria, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores. Mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos', é de Vinicius de Moraes e não de Fernando Pessoa como citado em seu post.

    Obrigada.

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  2. Caríssima Jully muito obrigado pelo comentário. Na verdade quase escrevi esse texto ouvia uns dizerem que a frase era de Fernando Pessoa, de Vinicius de Moraes e outros. Acredito que o nosso conhecimento cresce com a partilha do conhecimento do outro e muito obrigado por compartilhar o seu conhecimento com o nós do Palavreando.

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