quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Óbidos: a mais portuguesa da Amazônia. Mas até quando?

Ainda que possa parecer que a maior vocação cultural de Óbidos seja o seu famigerado Carnapauxis (ressignificado a partir de 1997), o que de fato torna essa cidade única do ponto de vista cultural é a ainda presença marcante de seus casarios. Tanto isso é fato que durante esses dias o Ministério da Cultura, dando prosseguimento ao processo de tombamento, homologou o tombamento do Forte Pauxis e dos resquícios da Fortaleza Gurjão (próximo passo será a inclusão desses dois bens no Livro do Tombo). Mas estranhamento a isso, no dia de hoje, me surpreendeu uma discussão em um grupo de WhatsApp quanto à descaracterização de um imóvel no centro da cidade, para dar lugar a uma fachada “mais moderna”.  ‘
“A cidade do já teve”! Se por um lado à cidade ganha reconhecimento nacional quanto ao processo de tombamento de tais bens (sendo um deles a única construção, pós-período regencial, a se manter de pé no Brasil), por outro, não avança na conscientização da preservação de sua história por parte de seus moradores e na efetivação concreta no que diz respeito ao processo de tombamento municipal. Sim. Óbidos tem legislação própria quanto a isso mas, infelizmente, esbarra num processo moroso de garantir em lei a preservação arquitetônica de sua própria história (vale lembrar a celeuma que foi a derrubada dos resquícios da casa da bacuri).
A Lei nº 3.753, de 20 de julho de 2009 que dispõe sobre o processo de tombamento e dá outras providênciasatribui ao gestor municipal, ouvido o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural e Artístico de Óbidos, decidir sobre os atos de tombamento. Logo, cai por terra a fala de que a prefeitura não pode tombar seus bens públicos ou bens privados (conforme estabelecido na lei). Mas se há uma lei municipal, se há também um Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural e Artístico de Óbidos por que tantos prédios estão sendo descaracterizados? E outros, “tombados” no sentido negativo da palavra?
Não! Esse texto não tem por objetivo tomar partido político. Mas falando em política (ou politicagem) o atual gestor disse em bom tom que durante seu mandato nenhum prédio histórico seria demolido em Óbidos. Quase um ano de mandato e o que vemos é a repetição de notícias passadas que não se tornaram realidade ainda. Nosso maior símbolo arquitetônico - Forte Pauxis - abandonado. Morrendo física e historicamente.

É preciso fazer valer a lei existente. É preciso também que as organizações culturais constituídas assumam seu papel de representantes culturais perante a sociedade no que diz respeito à educação patrimonial. Se do contrário nada for feito chegará o dia em que diremos que Óbidos um dia teve o título de cidade mais portuguesa da Amazônia. 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Os novos rumos que queremos para os Campi da UFOPA fora da sede

Finalizado o processo de consulta a comunidade acadêmica quanto à escolha do novo reitor da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA é hora de sonharmos a UFOPA que queremos para os próximos quatro anos, principalmente, no que diz respeito à expansão dos Campi fora da sede Santarém, que durante os quase oito anos de vida da Universidade ficaram a margem dos investimentos que se fizeram quase que, exclusivamente, na Perola do Tapajós.

Creio que a principal medida é tornar nossa Universidade verdadeiramente Multicampi, pois assim ela foi criada pela Lei nº 12.085, de 5.11.2009. E muito embora esse caráter seja expresso em lei ainda é muito comum se referirem aos Campi fora de sede como um “Campus do Interior”. Ora? Mais interior de qual capital? Da futura capital do Estado do Tapajós? Mas que uma denominação essa relação entre os Campi quando posta como sede e interior nos remete a um processo de interiorização da educação superior (basta lembrarmos o exemplo da UFPA em Santarém) e por trás desse tipo de visão está o pensamento de que a sede (no caso Santarém) deve concentrar sempre os primeiros investimentos. Mas nossos Campi localizados em seis municípios nasceram concomitantemente às unidades da UFOPA em Santarém. Vale aqui esclarecer que quando a Universidade foi criada, os cursos, que naquela ocasião se concentraram somente em Santarém deveriam também ser instalados nos municípios onde se teria um Campus. Como também os códigos de vagas para servidores técnicos e docentes, sem falar nas funções gratificadas e cargos de direção (hoje alocados quase que exclusivamente na sede).  

Assumida a postura Multicampi o que vislumbramos é uma expansão do que hoje já temos ou começamos a ter. Recentemente, a gestão atual, “oficializou” o funcionamento dos Campi com os primeiros cursos regulares. Mas não deixando esquecer que a UFOPA funcionava desde 2010 e nesses municípios com a oferta do PARFOR. E que desde 2010 servidores técnicos administrativos já atuavam em espaços cedidos pelas prefeituras (salas, nas muitas das vezes sem o mínimo de estrutura para o desenvolvimento adequado do trabalho).

Hoje, nossos Campi em sua maioria funcionam apenas com um curso superior, queremos em médio prazo sonhar com pelo menos mais um curso que seja escolhido levando em conta o real potencial de desenvolvimento do município (e não uma escolha como foi feita com os cursos atuais que até hoje não se sabe quem foi o responsável por escolhê-los). E além de cursos superiores queremos pós-graduação, implantação de laboratórios, espaço físico adequado, novos servidores técnicos e docentes, bibliotecas que atendam nossos acadêmicos, e principalmente casa própria (para aqueles Campi que estão iniciando no aluguel). Queremos também ser ouvidos no processo de tomada das decisões de nossa Universidade.

Por fim, que o sonho poético da chapa vencedora expresso na poesia abaixo se torne carne e osso no dia a dia de nossa Universidade.

 

É chegada a hora de nos conciliarmos com um novo tempo.

O tempo de congregar os excluídos,

Dos que ainda nem nasceram

E dos natimortos.

Acabou-se o tempo do "não",

Das gavetas, do fona.

Acabou-se o paredão.

Acabou-se a maratona.

Vamos depor as armas,

Os escudos.

"Forjar de nossas espadas relhas de arados"

Para alimentar nossos miúdos e suas fadas.

Vamos desmontar o circo e partilhar o pão.

Brindar ao vinho que plantarmos juntos.

Fazer crescer esta nação de todos os campos,

De todos os cantos,

De todos os prantos.

De todas as almas de chão.

Para explodimos em alegria e êxito..

Porque o povo esperou e espera o que não veio.

Seremos unos na messe do que virá

Como um inabalável esteio.

Juntos a ombreamos os novos rumos de nosso caminho sem pedra,


Sem medo, sem hesitação.