O
nome fora dado pelo papai em homenagem aos artistas de filmes de bang
bang.
Se fosse pela mãe teria sido um nome da folhinha dos santos, ou como
segunda opção, de um ator famoso da novela das nove. O fato é que
o nome escolhido foi Jhone. Muito incomum em meio aos Franciscos e
Joãos da beira do Tapajós (e dizem que por lá, agora, os filhos só
tem nome de estrangeiro). Mas não era só no nome que o pequeno era
diferente dos curumins. Logo cedo deixou de lado o leite materno para
tomar, escondido, mamadeiras de caldo de acari. Detestava as cantigas
de roda. Alegrava-se com as canções de Raul Seixas que o pai ouvia
em fita num velho som 3 em 1 Panasonic. Aliás, a sua única cantiga
de nina era “Cowboy
Fora da Lei”.
E essa seria a trilha sonora de sua vida.
O
curumim era mesmo travesso. Passava o dia que Deus lhe dava fazendo
macaquices. Mas seus pais e vizinhos pensavam que eram apenas
brincadeiras. Pobres adultos! Como a casa era quase dentro do pasto o
pequeno, assim que aprendeu engatinhar até o batente da porta,
atormentava os bezerros puxando-lhes o rabo. Era o início de uma
vida bandida. Logo, estava a “malinar”
dos menores e mais idosos.
Dizem
que os pais foram cúmplices do curumim. Assim que ele começou a
equilibrar-se sozinho o pai construiu um andador de madeira plainada
(muito comum nos interiores da Amazônia). Mas pra quê? Agora
motorizado, o pequeno esbanjava seu ar boçal pela pequena vila.
Empurrava alucinado sua motoca. E ai de quem não recolhesse o pé.
Ele passava mesmo por cima e ainda dava macha-ré ao som de altas
gargalhadas. E assim fez a sua primeira vítima: dona Marisó a
benzedeira da vila. Crime? Uma unha arrancada. O castigo? Uma
chinelada no bumbum. Mas pra quê “cabuco”!
Olha só o que aconteceu...
Foi
no dia da Festa da Santa. Na noite do leilão das iguarias. Lá
estava nosso curumim com seu possante. Na manhã desse mesmo dia ele
planejou espalhar o caos na festa. Soltaria uma bomba “gaso-venenosa”
a
base de cará roxo, feijão, repolho, macaxeira e ovo de galinha
caipira comidos na noite anterior. E armou-se! Pendurou em sua motoca
a corda de “peiá”
a vaca do pai. Já na festa tocou o terror. Primeiramente, um pum de
alerta. A mãe, precipitada, tirou-lhe a fralda e o pequeno escapuliu
rumo à mesa do tacacá, vatapá e bolos. Atrás dele o rastro de
tudo aquilo que havia comido na noite anterior. O odor, diziam os
mais antigos, parecia piché de peixe moído, ou de mandioca podre.
Até aí tudo bem. Era só tampar o nariz e degustar das iguarias.
Mas antes que a mãe do curumim o pegasse para limpá-lo ele, como
num ato de vaqueiro profissional, pegou a corda do seu possante e
laçou a mesa sobreposta com as iguarias do leilão jogando quase
tudo no chão. E pior: em cima do seu rastro de sujeira fedida.
Nascia
assim o mito. Mais malino que boto furador de malhadeira. Mais temido
que velho virador de bicho. Era ele: Jhone. Jhone não. Jhone
Boy um curumim fora da lei.
é de azedar esse aí hein!?
ResponderExcluirE num é cabuco. Mas tem piores nas bandas daqui.
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