sexta-feira, 5 de abril de 2013

Análise do conto O Baile do Judeu, de Inglês de Sousa.

Em O Baile do Judeu, Inglês de Sousa cerca-se de vários elementos que constituem o imaginário do homem amazônico para narrar uma da lenda muito conhecida do caboclo da Amazônia: a lenda do boto. Esses elementos constituídos ao longo da narrativa iniciam já no espaço onde a história acontece: a casa do judeu.
É preciso entender, primeiramente, que segundo o que se sabe sobre a lenda do boto é que ele se metamorfoseia em homem e seduz as lindas caboclas em bailes a beira do rio. E a sedução contada no conto se dá na casa de um judeu.
A primeira manifestação do imaginário do homem amazônida é o medo em participar do baile justamente por ser na casa de um judeu. Aqui é preciso lembrar que sobre o povo judeu recai a culpa pela condenação e crucificação de Cristo. Por isso, para o baile, nem o vigário e o sacristão foram convidados. E os que foram, aceitaram o convite, embora temerosos de acontecer-lhes algum castigo. Como mais tarde, supostamente acontecera, aos integrantes da banda que desafiaram os preceitos religiosos e ousaram tocar, no baile do judeu, com os mesmos instrumentos que utilizavam na animação das missas.
É nessa parte da narrativa que podemos fazer uma nova relação com o imaginário amazônico. Os instrumentos que serviam de acompanhamento nas missas – momento santo – jamais poderiam animar festas profanas. Como punição a isso vieram as mortes “suspeitas” e por isso, relacionadas ao baile: a morte de Chico Carapanã por afogamento; e a Pedro Rabequinha coube uma prisão por descompostura.
Já quando o baile chegava pela meia noite eis que surge um convidado estranho. Com relação a este, é cercado de mistério. Ninguém consegue decifrar a sua face. E embora seja misterioso e feio, logo seduz e põe-se a dançar freneticamente com a rainha do baile Dona Mariquinhas. Essa sedução criva de inveja o coração dos outros homens fazendo com que os cochichos tentem adivinhar a identidade do homem. As alternativas eram de que se tratava de “alguma troça do Manduca Alfaiate ou do Lulu Valente”. Um grande chapéu que lhe escondia a face deixava essa tarefa ainda mais difícil.
Todo esse mistério é revelado somente no final da obra. “No meio dessa estupenda valsa o homem deixa cair o chapéu, e o tenente-coronel que o seguia (...) viu com horror que o tal sujeito tinha a cabeça furada” (SOUSA, 2008:87).
Como percebeu o leitor, o homem-boto foi descoberto ou reveado. E uma última associação que podemos traçar com o imaginário caboclo é o fato, depois de revelado, o boto “espavorido pelo sinal da cruz que lhe fora feito”, corre com a moça sob seu encanto e atira-se, ribanceira a baixo, nas águas do amazonas. Aqui se destaca a importância do Rio como símbolo de morada dos seres encantados.

PARA SABER MAIS: ESTA ANÁLISE NÃO EXAURIU TODO O CONTEÚDO DO CONTO. ELA É APENAS UMA ADIÇÃO AO SEU CONHECIMENTO.

4 comentários:

  1. mano minha professora passou um trabalho sobre essa obra que tem os seguintes temas pra fazer enredo; tipologia do conto; personagens; narrador; e focalização tem como você me ajudar

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá meu caro. Não é difícil analisar os itens que sua professora pediu. Primeiro, o enredo é contar a história (creio que no seu caso escrita). A tipologia se refere a predominância do tipo de texto presente no conto. Os personagens vc tem que os identifica e descrevê-los. Quanto ao narrador vc deverá classificá-lo. Já a focalização eu não entendi bem o que deva ser

      Excluir
  2. Queria saber a temática, gênero, personagens principais e o lugar e tempo em que acontece os fatos

    ResponderExcluir
  3. Oiê eu queria uma ajuda minha professora falou pra eu fazer um trabalho sobre elementos da narrativa sobre essa obra mais estou totalmente perdida queria uma ajuda

    ResponderExcluir

Gostou? Deixe sua opinião