quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Os desafios do professor iniciante: a primeira vez na várzea


Se lecionar na cidade já tem seus desafios, quando se pensa em dar aula na várzea esses desafios multiplicam-se.
Recentemente aceitei o desafio de trabalhar dois meses na comunidade de Ipaupixuna em Óbidos, região de várzea (beira do Rio Amazonas).  E bem diferente do que eu havia planejado (se é que havia planejado), passei apenas três dias nessa comunidade. Embora o tempo tenha sido curto aprendi muito nesse intervalo de tempo, e é sobre essa experiência que quero compartilhar com os leitores do blog. 
A meu ver, o primeiro grande desafio de quem aceita lecionar na várzea é a questão da moradia. É preciso saber claramente onde se vai morar. Se o local disponibilizado pela comunidade ou escola satisfaz as exigências do professor. No meu caso fiquei instalado na cozinha da escola, almoçava a mesma merenda dos alunos e jantava na casa da diretora ou de alguém que me convidada. Á água era direto do rio amazonas o que me deu uma tremenda dor no estomago, logo no primeiro dia. A única coisa boa de ter ficado hospedado na escola é que esta dispunha de banheiro, o que evitou que eu tivesse de ir tomar banho na beira do rio.
O melhor neste caso é que a escola reserve uma casa para o professor, pois ali ele poderá fazer sua própria comida, armazenar sua água, guardar seu material de estudo, enfim, sentir-se mais a vontade.
Vale lembrar que muitas comunidades não dispõem de energia elétrica, o que para muitos professores já se traduz num ponto negativo uma vez que sem energia fica impossível manter contato com a família, principalmente, quando se tem de passar toda a semana na comunidade retornando somente nos finais de semana, como seria o meu caso.

Mas é claro que as dificuldades não se apresentam da mesma maneira a todos os professores. Neste caso é preciso que o professor busque o máximo de informações da comunidade onde irá trabalhar para que ao chegar lá não sinta vontade de retornar logo no primeiro barco que passar.
Se pensadas todas essas questões antes de aceitar o desafio de lecionar distante de casa, é bem provável que o professor obtenha êxito em sua empreitada. Caso contrário, fará como eu: não aguentará nem a primeira semana.