terça-feira, 27 de março de 2012

O que foi o Modernismo


  1. O que significou as Vanguardas Européias para o pré-modernismo e para a Semana de Arte Moderna?
Embora o nosso período Modernista seja eleito como o movimento literário em que de fato tivemos por essas terras a produção de uma “escola” nacionalista, as ideias que suscitaram em nossos poetas tal produção, vieram da Europa. Foi de lá “o poço” de ideias.
Mas foi de modo especial, pelas Vanguardas Européias, que nossos poetas conheceram um novo estilo literário. Na Europa já vigorava um novo conceito de arte, poesia, etc. Nossos poetas, muitos deles estudantes nos países de lá, tendo contanto com a nova arte passaram a produzir aqui no Brasil esse novo conceito. Como exemplo temos Anita Malfatti que expôs quadros já divulgados na europa.
É dentro desse contexto que as Vanguardas Européias têm sua importância tanto para o nosso pré-modernismo, quanto para a nossa Semana de Arte Moderna. Pois foi “o poço” de onde nossos poetas beberam a água. Vale ressaltar ainda, que tal tendência fez com que os nossos homens de poesia rompessem com a estrutura ainda formal de arte. Dessa forma decretando a decadência do Parnasianismo e Simbolismo.
  1. Quais os principais autores e correntes de Vanguardas e o que elas defendiam?
Principais Vanguardas:
  1. Futurismo: propunha a destruição do passado e a incorporação dos aspectos dinâmicos da sociedade (exaltação da velocidade e da máquina). Seu principal representante o poeta Marinetti.
  2. Cubismo: tendo surgido na pintura, o Cubismo designa uma tendência artística que propõe o fracionamento da realidade e, em seguida, sua remontagem por meio de planos geométricos superpostos. Na literatura as principais características são:
  • Utilização do verso livre e do humor;
  • Abolição da sintaxe e invenção das palavras;
  • Linguagem mais ou menos caótica;
  • Preocupação com a disposição gráfica do poema;

  1. Dadaísmo: dos movimentos de Vanguarda, o mais radical. Parte da negação total da lógica, da coerência e da cultura, numa espécie de protesto contra o absurdo da guerra. Seu líder foi Tristan Tzara.
  2. Surrealismo: o francês André Breton lançou o Manifesto do Surrealismo, propondo a valorização da fantasia, do sonho, da loucura e a utilização da escrita automática (o artista deve-se deixar levar pelo impulso, registrando tudo o que lhe vier à mente, sem se preocupar com a lógica).

  1. De que forma o Futurismo influenciou a produção artística na Semana de Arte Moderna?
O Futurismo teve papel importante na produção artística da Semana de Arte Moderna, pois de certa forma, nossos primeiros poetas dessa escola já se chamavam de futuristas, graças as suas obras produzidas. Na verdade o que o Futurismo pregava no que tange, por exemplo, a destruição da estrutura convencional do poema, por aqui já observávamos tais conceitos na poesia, por exemplo, de um Osvald de Andrade quando lança mão da metrificação e da rima.
  1. Quais os principais eventos culturais ocorridos no país entre 1900 a 1922?
No período que antecedeu a Semana de Arte Moderna o nosso país viveu um período de ebulição literária que podemos citar:
  • 1912 – Oswald de Andrade, recém-chegado da Europa, introduz a novidade futurista;
  • 1913 – Exposição do pintor Lasar Segall, negando a pintura acadêmica;
  • 1914 – Anita Malfatti exibe a pintura expressionista que assimilara na Europa;
  • 1915 – Oswald de Andrade funda o jornal humorístico o Pirralho, que luta por uma pintura nacional;
  • 1917 – Outra exposição de pintura de Anita Malfatti. Desta vez a pintora choca o público;
  • 1919 – O escultor Vitor Brecheret exibe parte de sua obra;
  • 1921 – Publicação de um artigo de Oswald de Andrade dedicado a Mario de Andrade denominado “O meu poeta futurista”.

  1. As obras pré-modernistas justificaram a Semana de Arte Moderna?
As obras pré-modernistas justificaram “a semana”, pois serviram de um caminho da arte até a sua concretização em 1922. Observemos que inicialmente um ou outro poeta dispunha-se a desenvolver a nova arte. Com o passar do tempo, até anos antes da Semana de Arte, a simpatia pela nova tendência foi ganhando cada vez mais adeptos até concretizar-se por completo em 22.

quarta-feira, 21 de março de 2012

O Simbolismo

1)  Origem do Simbolismo.
Seguindo a linha cronológica das escolas literárias, o Simbolismo surge logo após a Escola Realista (Realismo).
O berço simbolista é a França. Um dos grandes expoentes dessa nova escola literária é o poeta Baudelaire (1821-1867). Aliás, é o poeta Baudelaire com o lançamento de As Flores do Mal, que preconizou a gênese simbolista. Outras datas também são muito importantes: 1886, quando o surge o primeiro número de Le Parnasse Contemporain, antologia na qual colaboraram poetas parnasianos e simbolistas.
O Simbolismo é uma reação ao espírito positivista e materialista que prima na civilização industrial, interessada em novos mercados, sedenta por estender os seus domínios ao mundo africano e asiático.
2) Fatos e ideias que contribuíram para o surgimento do simbolismo.
Assim como outras escolas literárias, o simbolismo foi resultado das tendências vigentes na época. Destaca-se a crise gerada pela segunda Revolução Industrial. Do sistema capitalista emergiu uma nova ordem econômica, que beneficiava apenas a elite, em prejuízo da maioria da população, constituída pela classe média e pelo proletariado.
O grande progresso tecnológico e cientifico ocorrido naquele período não conseguiu mascarar a seria crise, em cujo centro estava a chamada Grande Depressão, que despontou na Grã-Bretanha, com repercussão em todo o continente europeu. 
Do lado literário, o simbolismo foi um movimento cultural. Sua influência bebe da Escola Parnasiana, principalmente a paixão pelo efeito estético, como nos diz o professor Alfredo Bosi. Mas os simbolistas buscaram transcender os parnasianos na busca pelo sentimento de totalidade esquecido desde o fim do Romantismo. É por isso que podemos afirmar que o movimento simbolista mergulha raízes no Romantismo.
Contribuiu para a estética simbolista a mudança de pensamento em relação a arte. Isso podemos perceber na tentativa de implementar um novo modelo de pensar a composição literária. Exemplo são os primeiros manifestos literários, que muito embora, inicialmente, não conseguiram mudar a estética parnasiana. Vindo só mais tarde a Escola Simbolista.
3) Quem foram os Decadentistas? Suas principais obras e influências para o Simbolismo. 
Em seu Dicionário de Termos Literários, o professor Massaud Moisés discorre que o termo “decadente” tem sua origem com a publicação de um artigo de Paul Bourget Théorie de la décadence. A partir daí o termo “decadente” designa os poetas novos, dentre os quais Verlaine, que ainda colabora para adensar o clima assinalado por Bourget com os seus poemas “Art Poétique” e “Langueur”.
A configuração do Decadentismo só iria se dar no ano seguinte com o lançamento de um livro de ensaios de Verlaine. O que caracterizava o pensamento decadente era o fato de que a visão desses poetas sobre religião, costumes, justiça, estava em deliqüescência. Apesar do desenfreado gozo dos apetites sensuais, do luxo, do prazer, das sensações raras oferecidas pelos tóxicos e pelas bebidas refinadas, um tédio espesso, uma histeria, um pessimismo agudo assomava por toda a parte. Anarquia, perversões, satanismo, neuroses, patologias, entravam em moda dando a impressão de um caos apocalíptico.  Mais na frente à expressão “decadente” viria a ser substituída por “simbolista” fortalecendo o termo simbolismo.
As principais obras são: Bourget com os seus poemas “Art Poétique” e “Langueur”. Verlaine, Poètes maudits; Paul Bourde; Jean Moréas;
A importância dos primeiros decadentistas para a escola simbolista resulta do fato de serem os primeiros a esboçar uma tendência literária que mais tarde se consolidaria como escola.
4) Simbolismo no Brasil: autores e obras.
O inicio do Simbolismo em terras brasileiras tem como marco o ano de 1893, quando o poeta Cruz e Sousa publica Broquéis e Missal. E para seu término, admite-se a data de 1922 (Semana de Arte Moderna). 
Ocorre no nosso Simbolismo um problema de gênese literária: se a introdução de tal escola nessas terras de cá teria se dado por motivações internas ou simplesmente uma imitação à francesa?
Indagações literárias a parte o fato é que a escola se concretizou em nosso solo. Principais obras e autores: Cruz e Sousa: Broqueis e Missal; Alphonsus de Guimaraens; Emiliano Perneta; Mario Pederneiras; Lívio Barreto; Francisco Mangabeira. Estes na Poesia.
Na prosa: Lima Campos; Gonzaga Duque; Nestor Vitor e outros.
Principais características do Simbolismo brasileiro e europeu e seus pontos de convergências.
De modo geral a escola simbolista buscou retomar alguns ideais românticos só que de forma mais radical. Eis um posto de convergência entre o que ocorreu na Europa e aqui em nosso país. Ambos buscavam dentro da poesia: representar, evocar, magia, misticismo, inconsciente. Eis as palavras chaves para se compreender esse período literário.
Há por outro lado, uma diferenciação temática no interior do Simbolismo brasileiro: a vertente que teve Cruz e Sousa por modelo tendia transfigurar a condição humana e dar-lhes horizontes transcendentais capazes de redimir os seus duros contrastes.
O Simbolismo não exerceu no Brasil a função relevante que o distinguiu na literatura européia, no qual o reconheceram como legitimo percussor o imagismo inglês, a poesia pura espanhola. Aqui, encravado no longo período realista que o viu nascer e lhe sobreviveu, teve algo de surto epidêmico e não pode romper a crosta da literatura oficial.
É interessante observar que os poetas simbolistas criaram um léxico próprio para demonstrarem a sensibilidade poética que sentiam. Era necessário representarem uma subjetividade tão intima que as palavras existentes já não eram mais suficientes, obrigando-os a buscarem novos termos.

As principais características são:
Misticismo e espiritualismo;
Subjetivismo;
Musicalidade;
Expressão da realidade de maneira vaga e imprecisa;
Ênfase no imaginário e na fantasia;
Emprego abundante de sinestesia;
Emprego de recursos gráficos; 

O homem chorou...

Chorou de forma copiosa, amedrontado por uma possível separação súbita de matrimonio.
Então ele chorou...
Descarregou toda a sua fúria amorosa em suas obras literárias. Sim! Por um instante desprezou as amantes da madrugada: o alivio do seu ganha pão.
O homem mais que chorou...
Embebedou-se num soluço nunca tido antes.
E chorou... Chorou... Chorou... e chorou!

quinta-feira, 15 de março de 2012

História de um Amor nas entre linhas

Às folhas tantas de um livro literário,
Eis que me perdi de paixão: ao te conhecer, personagem plana do meu coração.
Conheci tua infância, as tuas primeiras balbucias do falar,
Como um eu - poético tudo eu conhecia, tudo via, tudo sabia...
Narrador onisciente do amor,
Deixei-me envolver nas tuas aventuras, desventuras, casos banais conjugais e foi aí que percebi, que a minha vida sem a tua vida, não teria sentido de existir; 
Um casamento literário com certeza, porém sem resquícios de delicadeza,
 Pois amante fiel eu jamais pude ser, pois a cada folha que eu folheava outras mulheres conhecia, outras mulheres amava: psicólogas, pedagogas, matemáticas, advogadas, professoras...
...E naqueles corredores apertados, a cada dia um amor eu vivia, a cada dia um livro eu lia. Sim! Amores literários...
Como num conto de amor, ou num soneto de amor total, fazia da vida uma poesia a partir de cada livro que, na antiga Ruy Barata, eu lia.

Poemeto “Facebookiano”

Bom dia a todos, amigos do “face”... acordando agora...
Esperando o ônibus...
Na faculdade pesquisando sobre o questionário de literatura...
Ai, me deu uma fome... vou para cantina junto com as minhas amigas..
Comendo aquele salgado com coca-cola...
Voltando para casa. Mame prepare aquele almoço caprichado... hum, já estou sentindo até o cheiro...
Em casa comendo aquela bisteca...
Vou tirar um cochilo...
..........................................
Acordado, depois um bom sono. Agora vou estudar mais um pouco...
Ai bateu uma fome, vou fazer um pequeno lanche...
Tomando banho para ir à faculdade...
Meu Deus ! esta aula de linguistica tá me matando...
Na parada esperando o ônibus de volta pra casa...
Amigos, depois de um dia exausto de estudos e trabalhos, cansei. Vou dormir. Boa noite a todos...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Igreja do Bom Pastor: mais uma conquista!

Os comunitários da Comunidade Bom Pastor percebem que a cada ano nossa Igreja se torna mais bela. Tudo isso graças a nós, comunitários. A nossa mais nova conquista foram os bancos.
Com eles nossa Igreja ficou ainda mais bonita. 
 
 
Parabéns Comunidade Bom Pastor!!!

1° Encontro do Bibliotecário-Documentalista da Região Oeste do Pará

A Universidade Federal do Oeste do Pará promoveu no dia 12/03, em homenagem ao dia do bibliotecário, o 1° Encontro do Bibliotecário-Documentalista da Região Oeste do Pará.
Buscando a valorização e promoção do profissional Bibliotecário, o evento visou promover a integração dos Bibliotecários e demais profissionais que atuam em bibliotecas, arquivos, museus e centros de documentação, na Região Oeste do Pará, proporcionando uma troca de experiências e conhecimentos entre os profissionais. 

quinta-feira, 8 de março de 2012

Resenha: O ESTUDO ANALÍTICO DO POEMA

CÂNDIDO, Antonio. O Estudo Analítico do Poema (1996).  

Lembrando o questionamento proposto no resumo do livro da Norma Goldstein: Versos, sons, ritmos com relação à existência de uma receita para interpretação de um poema, saberemos que a resposta é negativa. Mas se tratando de uma análise existiriam receitas? Nesse caso sim!
Em O Estudo Analítico do Poema (1996), Antônio Cândido trata dos meios utilizados para se analisar um poema. Os meios podem ser classificados em duas grandes partes: os fundamentos do poema e as unidades expressivas. Vale ressaltar que para esse autor existe uma diferença entre a interpretação e análise. No entanto, tais diferenças não se tornam objeto de estudo. Ficando a análise como tópico principal.
O livro nasceu das aulas ministradas por Antônio Cândido no Curso de Letras da Universidade de São Paulo nos anos de1963 e 1964 para o 4° ano de Teoria Literária. Se naqueles anos, tinha-se apenas páginas mimeografadas com conteúdo literário com um fim especifico: o debate em sala de aula. Anos mais tarde O Estudo Analítico do Poema passou a compor o cânone das obras que tratam do estudo do poema. Mais que isso, o livro tornou-se um programa clássico de análise poética, não apenas freqüentemente lembrado por alunos de Antônio Cândido, mas também explorado como método por professores universitários de todo país.
Como já citado anteriormente, o livro pode ser estudado em duas grandes partes: os fundamentos do poema e as unidades expressivas. Com relação à primeira, baseando-nos na Teoria dos Gêneros Literários, saberemos que existem critérios classificatórios para determinadas produções literárias. Assim, para que um poema seja de fato classificado como poema, nele devem constar elementos caracterizadores desse estilo. Antônio Cândido trabalha, a priori, os elementos que sustentam o corpo esquelético do poema: a sonoridade, a rima, o ritmo, o metro, o verso.
Sobre cada elemento desses Antonio Candido discorre da importância, classificação e modo de uso. Não se trata apenas de um estudo teórico, pois há uma relação entre o ponto de vista teórico, e aqui se apóia em estudiosos importantes como: Emil Staiger, Grammont e outros, e a prática. Está consolidada em grande parte nas obras de Manuel Bandeira. Por que este? Pois segundo o autor, Manuel Bandeira talvez seja o único poeta brasileiro em que se podem enquadrar os diferentes tipos de análises de poemas.
É interessante observar a abordagem meio filosófica apresentada quanto aos fundamentos do poema. Exemplo que temos diz respeito ao ritmo. Sabemos que toda a vida se desenrola num determinado ritmo. O chamado compasso da vida. Esse compasso rítmico deve ser inerente ao poema. Mas o que gera isso? Justamente a combinação sonora entre fonemas. Esta questão de definição é clara para o autor. O questionamento lançado, diz respeito se essa capacidade rítmica sonora é uma unidade inata ao homem ou criação deste?

quarta-feira, 7 de março de 2012

A literatura de sala de aula


Já postei aqui no blog um resumo sobre o que é literatura, mais especificamente um resumo do livro “O que é Literatura” de Marisa Lajolo. O objetivo agora é fazer um post sobre a literatura ensinada nas escolas. Não pretendo avaliar o modo como meus queridos professores repassam o conteúdo literário, mas enfocarei alguns aspectos em que penso serem úteis para que o discente do ensino médio possa compreender o sentido de se estudar literatura na sala de aula.
Mas afinal, o que é mesmo Literatura? Os esforços não foram poucos para a definição do termo. Na academia até estudamos o conceito como formulas estabelecidas. Na escola, tais definições não conseguem penetrar no entendimento dos alunos. É necessário que de fato o aluno não apenas compreenda o significado do termo, mas que ele vivencie aquilo que o termo significa. Se esse aluno não consegue parar diante da leitura de um poema e extrair, no mínimo, um sentido poético em vão foi seu esforço pesquisando no dicionário o significado do termo. Esse mesmo aluno precisa entender que o literário muitas vezes se “camufla” sendo responsabilidade sua descobri-lo nas entrelinhas dos diversos poemas. Com isso quero dizer que Literatura “é parte da visão de mundo que temos”.
Não apresento claramente um significado literário aqui. Não quero gerar termos para “decoramento”. Quero auxiliar o aluno apresentando estratégias que o possibilitem a extrair do texto o seu sentido poético.
Como enxergar a poesia presente no texto? Faz-se necessário, primeiramente, dizer que no texto literário não vamos buscar o que o autor nos diz e sim o que a leitura do texto nos sugere. Mas é claro que aquilo que pensamos constar no texto, tem de ser comprovado com elementos presentes no próprio texto. E como enxergar isso?
Na poesia as palavras dizem! Entendemos a literariedade de um texto a partir do sentido que as palavras tomam para si. Como assim? Na língua portuguesa estudamos tanto as funções que a linguagem tem, como também, as figuras de palavras. Deste último, destacamos principalmente a METÁFORA. Num texto em que a poesia se faz presente, muitos termos ou versos falam de forma metafórica. Simbolizam algo além do próprio texto. Sabendo o aluno identificar as metáforas ali presentes, metade dos seus problemas quanto à compreensão estarão resolvidos.
O que também ajuda e muito nesses tipos de analises é a leitura de análises já feitas. A intenção não é copiar ou parafrasear e sim ter um entendimento do texto em questão. Partindo desse ponto, o aluno pode se aprofundar em aspectos não muito ressaltados nas análises lidas. Mas para que tudo isso ocorra é de fundamental importância que o aluno tenha o hábito da leitura. Sem isso, em vão serão seus esforços para uma compreensão literária.
Acima, eu havia dito que entender e vivenciar literatura parte da maneira como vemos o mundo. Assim, uma pessoa que não somente ouve, mas reflete uma música como “Bienal” (Zé Ramalho) terá mais facilidade na análise poética. Digo isso, pois acredito que não podemos dar fórmulas prontas para o nosso alunado, no entanto, podemos auxiliá-lo em tal empreitada. Literatura é sensibilidade... É o que poucos vêem, onde muitos olham e nada enxergam.
Aprofundamentos e exemplos ficaram por conta de postagens mais especificas.

Nostalgiando as primeiras pedaladas...

Uma parte da minha infância que consigo lembrar nitidamente as imagens e que me trás muita nostalgia, é do tempo das minhas primeiras pedaladas. Aqui mesmo na rua de casa reuníamo-nos, um grupo de crianças e suas bikes, para brincarmos de pedalar. Existia até uma pequena “garagem”, um quintal com uma armação de madeira coberta. Pedalávamos as proximidades de nossas casas. Nada de distancias muito longas. O interessante disso tudo é lembrar da minha primeira bicicleta: as peças eram desproporcionais entre si; o quadro de ferro (super pesado), o guidão enorme (muito enorme), o pedevela de ferro com uma coroa do tamanho de um disco de vinil. Eis o nome da coisa: “maquifubila”. Mas ainda sim, eu me achava naquela nave espacial. Cheio de mim pedalava durante uma tarde toda, principalmente aos domingos. Era eu e a minha bike. O mesmo amor, ou até maior de “Vital e sua moto”.
Se em casa a alegria era tamanha. Na escola o mesmo não acontecia. A peculiaridade da bike era motivo de gozação. Os outros alunos “bagunçavam” de mais comigo. Tudo por causa da maquifubila.
O tempo correu... a antiga bicicleta, até um dia desses sobrevivia de forma insalubre, jogada as tralhas na minha dispensa. Não está mais lá...
De lá para já estou na quarta bicicleta. A atual é a melhor de todas.
Agora, participando das atividades do clube MTB, pedalar ainda é um divertimento, só que mais sério. Estou até participando do primeiro circuito MTB CUP. Não tenho ainda as condições de um “atleta”, mas prometo a mim mesmo fazer cada vez mais bonito superando, primeiramente, a mim mesmo para depois tentar superar os outros.  
 

terça-feira, 6 de março de 2012

Resenha: Versos, Sons, Ritmos GOLDSTEIN, Norma Seltzer. Versos, sons, ritmos. 14ed. São Paulo: Ática, 2008


GOLDSTEIN, Norma Seltzer. Versos, sons, ritmos. 14ed. São Paulo: Ática, 2008.

Resenha: Versos, Sons, Ritmos. 
 
Existe receita mágica para a interpretação de um poema? E para um entendimento abstrato e concreto de uma poesia? Para Norma Goldstein, não! Em Versos, sons, ritmos a autora nos mostra que a análise de um poema é um aprendizado construído em todo o livro. Soma-se a teoria com a prática abordada pela autora. Poemas consagrados pela critica e pelo público servem de ensino-aprendizado. Assim, temos: Carlos Drummond de Andrade, camões, Vinicius de Moraes, João Cabral de Melo Neto e muitos outros.
O livro pode ser dividido em duas grandes partes: a) estrutura inerente a composição física do poema; b) estrutura externa (análise levando em conta o leitor, o contexto, período histórico etc.)
Na primeira parte, Goldstein apresenta-nos elementos que facilitam a compreensão do poema. São características que constituem o corpo físico do poema, a forma de espécies de poemas diferentes quanto a composição. Assim temos quanto ao ritmo, à simetria e a assimetria. E dentro desse conjunto físico temos os sistemas de metrificação que classificam o poema quanto ao numero de silabas usadas em cada verso. Os versos são classificados, pela autora, em versos brancos, poliméricos e versos livres. Não se trata de uma classificação estática. A autora passeia pelas diversas formas em que as estrofes podem se apresentar, como também, pela classificação das rimas empregadas pelo poeta. Esse conjunto de características fônicas serve para que o leitor aprofunde ainda mais sua leitura em relação ao poema. Mas a interpretação não se exaure somente nesse elemento.
Outros fatores auxiliares do leitor são abordados na segunda parte do livro. Trata-se de tudo aquilo que não se encontra implícito no poema, mas que serve de entendimento para a sua leitura. Um desses aspectos muito importante é o contexto histórico que data a feitura do poema. a autora ressalta que a compreensão desse gênero textual não pode ser feita isolada. Um pensamento poético sempre é fruto do meio no qual foi produzido. Goldstein afirma que o corpo do poema é uma unidade composta de níveis que se interligam. Nesse âmbito tem-se o nível semântico, sintático e lexical. As figuras de linguagem têm valor muito importante.
Mesmo para um leitor inexperiente na análise de poemas ou poesias, a leitura deste livro preenche tal deficiência. Sua leitura é de uma facilidade muito grande. Os exemplos trabalhados explicam perfeitamente a teoria fazendo com que o leitor navegue por mares literários.
O livro termina com uma análise de um poema de José Paulo Paes bem detalhada em que o próprio leitor exercita a interpretação estudada, como também, torna-se de capaz de fazer inferências em relação a análise proposta.


segunda-feira, 5 de março de 2012

MTB CUP 2ª Etapa (Alter-do-Chão).



Para os amantes do Moutain bike que sempre desejaram uma competição para testarem a potência de suas bicicletas, mas que nunca tiveram a oportunidade de participar de um evento desses, agora podem alegrar-se e desde já prepararem seus músculos e bicicletas para participarem do primeiro ano de Etapas de MTB CUP. Isso mesmo. Uma competição de ciclismo de trilhas e aventuras.
Sobre o evento: Sob a coordenação de Marcos Fróes (www.clubemtb.blogspot.com) a competição está dividida em 5 etapas . A largada foi dada no dia 26/02/2012 percorrendo cerca de 25 km, saindo do km 8 da Rodovia Santarém-Cuiabá até a Comunidade de São Brás. Participaram desta primeira etapa cerca de 40 competidores (inclusive o professor, poeta, ministro da palavra e autor deste blog).
A segunda etapa já está marcada. Será no dia 1º de Abril em Alter-do-Chão (Caribe da Amazônia). Equipe a sua bike e venha participar conosco. Para maiores informações acesse www.clubemtb.blogspot.com

O que é Poesia Épica?


Partindo do estudo epistemológico do termo, temos inicialmente, Épica – Lat. epicus, heroico, do gr. epikós; épos, palavra, narrativa, poema, recitação. (Dicionário de Termos Literários, Massaud Moisés, 2004).
A Poesia Épica ganha um estudo classificatório com o grego Aristóteles que na sua Arte Poética definiu esse gênero pelo meio de sua imitação (mimeses). Assim, classificou-o como a imitação narrativa metrificada. Vale apena ressaltar que, também, Platão faz menção a esse tipo de poesia quando classifica, em simples narrativa, a imitação que o poeta faz quando tenta passar-se por outra pessoa que não seja ele próprio: é o próprio poeta que fala e não tenta voltar o nosso pensamento para outro lado, como se fosse outra pessoa que dissesse, e não ele.
Com Aristóteles, o estudo da poesia épica centra-se mais no estudo comparativo com a tragédia. Tanto que ele próprio afirma que:
A epopéia deve apresentar ainda as mesmas espécies que a tragédia: deve ser simples ou complexa, ou de caráter, ou patética. Os elementos essenciais são os mesmos, salvo o canto e a encenação; também são necessários os reconhecimentos, as peripécias e os acontecimentos patéticos. Deve, além disso, apresentar pensamentos e beleza de linguagem. (Arte Poética, 2007).
Se a concepção grega de poesia épica centralizou-se mais na concepção filosófica da mimésis, o estudo mais recente está voltado para a composição estilística da poesia. Assim Salvatore D´Onofrio, além de trazer a epistemologia do termo, procura detalhar o que realmente caracteriza a poesia épica:
A poesia épica é a primeira forma culta de civilização ocidental. as narrações míticas e lendárias, que a imaginação popular foi criando a partir de um acontecimento histórico, após a fase de transmissão oral, quando o povo chega a dominar o alfabeto e a ter uma língua ou dialetos escritos, são elaboradas por um poeta que lhes dá uma veste literária e as consagra para sempre”. (teoria do texto 01, 2002).
É justamente essa narrativa oral, transmitida de gerações a gerações que se originaram as lendárias epopéias. Aqui cabe destacar a figura do poeta conhecido então como rapsodo (costureiro) o grande responsável por copilar as narrativas orais. É importante salientar que o poeta não cria, mas apenas concretiza uma narrativa oral criada pelo próprio povo (epopéia natural). Temos os exemplos da Ilíada e Odisseia atribuídas a Homero. Ambas destacam as ações titânicas de valentes guerreiros.
Já para Emil Staiger, Conceitos fundamentais da poética, o estudo desse gênero de poesia define-se pelo modo de como o poeta, que tudo contempla, apresenta os fatos narrados sem se deixar envolver pelo estado emotivo das personagens:
O poeta dirige a vista de preferência para fora – também aqui há um mundo exterior como interior – e observa o que se apresenta a seus olhos como bens incalculáveis de vida: armas guerreiros, movimentos de batalhas, terras e homens maravilhosos, o mar a praia, animais e plantas... diz-se o que é característico de deuses, de homens, de todas as coisas. Com isso abrem-se os olhos dos ouvintes para contemplar a vida em sua plenitude diversificada”.
O poeta traz presente o passado e faz próximo o que na verdade é distante. Não se quer dizer que ele recorda-o como faz o poeta lírico, mas rememoriza-o deixando bem definidos o afastamento temporal e espacial diante dos fatos lembrados.
Quando o poeta se distancia dos fatos de forma alguma se deve pensar que ele desapareça por de trás da historia. Pelo contrário: “ele se deixa notar nitidamente como narrador. Dirigi-se as musas. Não raro interrompe um relato para intercalar uma observação ou um pedido aos céus”. (pg, 78)
Até agora notamos o caráter conceitual da poesia épica. Mas o que realmente define essa espécie de poesia é o seu caráter estrutural. É na forma da poesia que podemos encontrar as definições teóricas aqui já citadas. Então, passaremos aos caracteres estilísticos da poesia épica:
  • O tempo narrativo: no épico temos todas as ações narradas pelo autor no tempo pretérito. Em alguns casos quando o autor dá a ideia de presente, trata-se na verdade do presente histórico.
  • O tema: aborda os acontecimentos de um passado longínquo como no caso da Ilíada e Odisséia, que para Homero já eram bem distantes. Ou de um passado mais próximo. Neste último citamos o caso de Os Lusíadas que para Camões, a narrativa de Vasco da Gama era mais próxima de seu tempo em comparação com a Ilíada e Odisseia para Homero.
  • A metrificação: para o antigo período grego admitia-se o verso Hexâmetro.
  • A proposição: a poesia épica é composta de uma parte introdutória, que antecipa o assunto que será tratado. Isso é facilmente observado na Ilíada e Odisséia no inicio de cada canto.
  • A invocação: trata-se de um pedido de ajuda a divindade: “Canta-me, ó deusa, do Pelejo Aquiles/ A ira tenaz, que, lutuosa aos Grego...”. (A Ilíada, Livro I, pg, 01)
  • A Grandiloqüência: o autor Eduardo Portela, na sua obra Teoria Literária, define bem essa característica:
A imitação de Homero, toda epopéia digna deste nome deve dispor de alta cota de episódios espetaculares, batalhas sangrentas, exaltação dos heróis sobre-humanos em luta contra a fortuna, todo um arsenal de grandiosidade, em estilo grandiloqüente e retumbante”. (pg, 109)

  • A presença do Maravilhoso Pagão ou Cristão: uma das características mais marcantes e inerentes a poesia lírica, sem dúvida é a manifestação ou presença das divindades no seio do convívio humano. Logo no inicio da Odisseia temos perfeitamente um exemplo disso quando os deuses reunidos no Olimpo discutem a sorte do sagaz Ulisses:

(...) depois falou Atenéia, com os brilhantes olhos cintilando: (...) que se passa, porém, com o sagaz Ulisses? Desventurado, abandonado a própria sorte pelos amigos... Zeus, respondeu? Como poderia eu me esquecer daquele bravo Ulisses? Ele é quase um de nós. Poseidon, porém, tem-lhe ódio implacável, por causa do ciclope cujo olho vazou”. (A Odisséia, Livro I, pg 15).



BIBLIOGRAFÍA
MOISÉS, Massaud. Dicionário de Termos Literários. 12ed, São Paulo: Cultrix, 2004.
PORTELA, Eduardo. Teoria Literária. 3ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1979.
D’ONOFRIO, Salvatore. Teoria do texto 1. 2ed. São Paulo: Editora Ática, 2002.
STAIGER, Emil. Conceitos Fundamentais da Poética. 3ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
ARISTÓTELES. Arte Poética. São Paulo: Martin Claret, 2007.
PLATÃO. A República. São Paulo: Martin Claret, 2007.
HOMERO. A Ilíada. São Paulo: Martin Claret, 2007.
HOMERO. A Odisséia. Ediouro.