domingo, 27 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Reflexões sobre a Vida II – Areia da Ampulheta.
Dia desses, ouvindo a canção do Maluco Beleza cujo nome é o mesmo do título dessa reflexão, percebi que de fato a nossa vida é areia espremida na ampulheta. A alegria em comemorar o nascimento é dicotômica (do ponto de vista do pessimista?): a morte se torna mais próxima de nós. Ou não (do ponto de vista do otimista?): alegramo-nos pela quantidade de areia que representa o tempo que já vivemos. E por falar em tempo lembro-me dos sábios versos de Jorge Cooper: “Difícil é arredar o tempo/ não correr para trás com o tempo/ estar em eternidade no tempo”. Penso que esse tempo de Cooper é a metáfora da areia da ampulheta. Areia (vida) que uma vez descida pelo labirinto da medição não se poderá mais voltar atrás. Igualmente a vida. Semelhante aquele verso de cazuza: “o tempo não para”. E assim a vida vai... e o que apenas restará de nossa existência será: a lembrança temporária dos amigos, familiares... ou a inscrição lapidar: “ foi poeta, amou... e sonhou... a (na) vida ”.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Acabocado
Aqui
pelas beiradas do Tapajós temos um dito muito peculiar. Fala de uma
analogia que compara a felicidade humana com a alegria do pinto
imerso na lama. Felicidade tanta que faz do “caboco” um
“acabocado” de sua própria conquista material. Descomplicando, o
caso se trata do seu Viana, homem que nos últimos dias está se
achando o senhor do mundo. Primeiro veio o Tênis. Um exemplar
legítimo de um Mizuno. Algo não muito comum entre os seus. Com os
pés revestidos de bom couro, andava numa elegância nunca vista.
Evitava passar em locais enlameados. Agora está de posse de um
celular de nome difícil: “ismartifone”. As horas que antes
dividia entre o serviço da roça e o aconchego noturno com sua
senhora, agora vive a teclar as minúsculas teclas de seu formidável
aparelho. Sente-se o Senhor do Mundo. É... realmente este Viana
parece pinto que belisca merda.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Formação de Palavras em Português
- Como podemos Formar Palavras em Língua Portuguesa? Basicamente, nos utilizamos de dois processos de formação lexical: a) derivação; b) composição.
A
derivação
constitui-se na agregação
de afixos
ao radical da palavra. Quando o afixo é anteposto
ao radical
temos o prefixo.
Já quando ele é posposto
ao radical
temos o sufixo.
Exemplos: repor (re- (prefixo) + por); felizmente (feliz (radical) +
-mente (sufixo) ). Cabe ressaltar ao aluno que a diferença entre
prefixos e sufixos não é somente de ordem distribucional. Os
prefixos
ligam-se a verbos e adjetivos e não contribuem para mudança de
classe gramatical
( ver é verbo/rever
também é verbo). Fato diferente da natureza dos afixos.
Estes
por sua vez contribuem para mudança de classe gramatical do radical:
civilizar
é verbo ao passo que civil é adjetivo.
Resposta:
O SUFIXO cria novas palavras, ao passo que as desinências apenas
exprimem flexões. Veja os exemplos: aluno/alunas (alun
radical a
exprime
o gênero feminino, s
expressa
número plural; fogo/fogoso ( oso
caracteriza
a formação de novo vocábulo/com nova significação).
Como
identificar o radical de uma palavra?
São dois os caminhos. O primeiro é o da SIGNIFICAÇÃO que
consiste dizer que o radical agrega em sim parte da significação
total do vocábulo. E o segundo caminho é o da COMUTAÇÃO. “Por
esse nome se entende a substituição de uma invariante por outra, de
que resulta uma nova palavra”. Entenda melhor nos exemplos:
Livr-
|
-inh
(o)
|
-ã
(o)
|
|
-ari
(a)
|
|
-eir
(o)
|
Perceba
que na tabela, temos um mesmo radical: livr-. Uma vez comutado com os
sufixos (inh(o), ã(o), ari(a), e –eir (o) derivou-se um novo
vocábulo com a significação também nova.
A
Derivação ainda pode ser:
PARASSINTÉTICA
quando ao radical agregam-se simultaneamente prefixo + sufixo. Sendo
que a eliminação de um dos afixos, resultará em uma forma
inaceitável na língua. Ex: des + alma + ado.
IMPORTANTE!
Como saber se o vocábulo se constitui em derivado
prefixal, sufixal ou parassintética? Existe
uma técnica para tal indagação (infelizmente não ensinada na
escola. Não na minha). Trata-se de analisar o vocábulo por meio dos
Constituintes
Imediatos (C.I.).
Essa análise nos mostra que o “vocábulo
não se constitui de uma sequência de morfemas, mas de uma
superposição de blocos binários”.
Tornemos a compreensão mais fácil.
O
vocábulo desgostoso
é
prefixal, sufixal ?
- Depreendamos o sentido semântico do termo. No exemplo temos claramente tratar-se de “cheio de desgosto”, o que gera a segmentação desgosto + oso; logo se trata de uma derivação sufixal.
- Tentaremos segmentar este vocábulo partindo da maior unidade significativa para a menor: des + gostoso¹ . O prefixo des aparece ligado a um adjetivo, o que é perfeitamente aceitável em nossa língua; podemos ainda segmentar da seguinte forma: gosto + oso². O sufixo oso agrega-se ao substantivo gosto, o que também é aceitável em nossa língua. Podemos ainda ter uma segunda possibilidade: desgosto + oso e des + gosto. Ocorre que nesta última forma, o prefixo des está ligado a um substantivo o que não é aceitável na língua, pois os prefixos agregam-se a verbos e adjetivos. Assim a primeira forma des + gostoso é a que esta mais de acordo com a estrutura total de nossa língua.
REGRESSIVA:
termo que se obtém mediante redução da palavra derivante. Ex:
marco
de marcar; debate
de debater.
Quem
vem antes o verbo
ou o nome?
Se o substantivo
denotar ação,
será palavra
derivada,
e o verbo
palavra
primitiva,
mas se o nome
denotar algum objeto ou substância, se verificará o contrário.
DERIVAÇÃO
IMPRÓPRIA: quando o vocábulo passa de uma classe gramatical a outra
sem alterações formais. Ex: foi um comício monstro.
(substantivo adjetivado).
Outro
processo de Formação de Palavras diz respeito à COMPOSIÇÃO. Por
composição entende-se a reunião de dois ou mais radicais para
formar um vocábulo. Podendo ser:
- JUSTAPOSIÇÃO: quando, na formação do vocábulo, os radicais se reúnem sem haja perda de nenhum dos dois. Ex: navio-escola, malmequer, pé-de-moleque.
- AGLUTINAÇÃO: nesse processo os radicais se modificam para se fundirem na criação do vocábulo. Ex: fidalgo (filho+de+algo); vinagre (vino+acre).
- HIBRIDISMO: na formação do vocábulo tem-se a junção de elementos de línguas diferentes. Ex: abreugrafia (abreu, origem portuguesa, e grafia, de origem grega).
- ABREVIAÇÃO: consiste na redução da palavra original. Ex: cine de cinema; foto de fotografia.
- ONOMATOPÉIA: formação de vocábulos que tentam imitar certas vozes ou ruídos. Ex: fonfom (som de buzina).
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Sistema Literário, Literatura empenhada de Antonio Candido
- “Depois da Independência o pendor se acentuou, levando a considerar a atividade literária como parte de esforço de construção do país livre, em cumprimento a um programa, bem cedo estabelecido, que visava a diferenciação e particularização dos temas e modos de exprimi-los”. (Antonio Candido, Uma Literatura empenhada)
No
texto acima, de Antonio Candido, o autor se refere ao momento pelo
qual passou a nossa literatura após a proclamação da Independência
de nosso país. Para discorrermos acerca desse momento literário, é
necessário citarmos que a formação literária em nosso país,
seguiu, antes, as tendências universalistas. Tendências também
metropolitanas, em que o próprio Candido afirma ser a nossa
literatura “gasalho secundário” de Portugal. Ora, se a nossa
nação tornava-se independente, é claro que esse espírito de
libertação deveria possuir o habitante local. E seria contraditório
tornar-se independente, mas ainda sim, reproduzir uma literatura de
outro. Então, a partir desse momento, o nosso escritor “toma
consciência de seu papel” e utiliza-se da “atividade literária
como parte do esforço para a construção do país livre”.
Tornou-se então necessário, inicialmente, diferenciar-se das
tendências universalistas particularizando nossos temas e a maneira
de exprimi-los. Ganhou destaca-se o Índio como o grande herói
nacional, a poesia a partir dos elementos paisagísticos, a
sublimação a pátria.
- “O nacionalismo artístico não pode ser condenado ou louvado em abstrato, pois é fruto de condições históricas”.
Antonio
Candido desenvolve essa ideia abordando os seguintes aspectos: a)
para o desenvolvimento do seio literário em nosso país, contribuiu
de forma principal, a vinda da Família Real Portuguesa, acompanhada
por parte da Corte e do funcionalismo. Basta dizermos que essa vinda,
por si só já foi sinônimo de crescimento literário e cultural. b)
os demais aspectos são resultados do primeiro: implantação de
bibliotecas, escolas de ensino superior, tipografias e com isso uma
circulação de conhecimento em forma de livros; mais pessoas
aprendendo a ler; a gênese de um intelectualismo nacional
transmitindo a literatura novas tonalidades, principalmente com o
sentimento nacionalista. O escritor passou a ter consciência de seu
papel. c) a Independência de nosso país também somou forças a
essas mudanças, no que rege principalmente a construção de uma
literatura independente.
- Antonio Candido considera o “Indianismo” romântico uma “transfiguração do homem natural”, devido ao fato de, em linhas mais simplórias, a literatura, ou melhor, os poetas, terem poematizado o Índio em suas obras. Quero dizer com isso que, se antes o índio fora “apenas descrito, nem sempre com tolerância, e algumas vezes satirizado”, agora passara a ter papel de protagonista, elemento simbólico da pátria. Essa transfiguração é tanta e acredito que fica de maneira melhor compreendida, se ressaltarmos que o nosso índio recebeu novas características (não muito comuns a sua espécie): comportamento requintado, suprema nobreza de sentimentos, costumes ricos de belezas, tanto foram as características transfiguradas ao nosso nativo que este representou para nós o mesmo que o cavaleiro medieval representou para os portugueses.
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