sábado, 31 de outubro de 2009

Leituras de um passado não muito longinquo

Confesso: sim! Eu fiquei todo prosa. Tolo. Flutuei no ar... E não era pra menos. Até chegar aqui tive de tirar muitas “pedras do meio do caminho”. E vou contar só para você o motivo de tanta felicidade, ou melhor, o reconhecimento por tanto esmero. O ocorrido deu-se assim (mas desde já advirto o leitor curioso, que tal nobre fato de tanta gabação não passa de um trivialismo da vida):
O doutor solicitou um voluntario para a “leitura” de um soneto. Com a ansiedade pelas palmas que sempre vem após um discurso bem feito; um poema bem declamado... Levantei o dedo num gesto de desafio. Agora poria em prova todas as seções de leituras que minha mãe me impusera diante do espelho (santas seções). E com uma voz tímida comecei a dar vida ao soneto: “Só à leve esperança em toda vida/ disfarça a pena do viver e mais nada...”.
Terminada a declamação as palmas não vieram. Talvez os demais colegas não tivessem o mesmo espírito acolhedor que se tem na comunidade Bom Pastor. Mas não importa. Importante foi o elogio sincero do Doutor: “você leu muito bem”. Parabéns! ! !
Sim. Todo o caminho da decodificação dos signos até o descobrimento da leitura de mundo tinha valido a pena. É imaginar que o ponto de partida foi dado por aquela, há quem não foi dado à mesma oportunidade: minha querida mãe.
Vencida a árdua tarefa da declamação da difícil arte de se ler, mergulho agora em águas mais profundas. Quero fugir de meus versos simples; de minhas rimas pobres (paupérrimas). Eu quero arriscar-me na composição de um soneto. Somente unzinho. Que não seja famoso. Que não faça “aquela vizinha rir, que de tanto rir até morreria”. Que não seja um contentamento descontente. Mas que leve a minha assinatura: Rômulo José.