segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Três sentimentos de um mesmo rio

O Encante...

Um frio amazônida...
Emanando das águas do amazonas.
Deitado na rede a espera do pôr-do-sol, no barco, o homem encolhe-se...
Mas por pouco tempo. Logo, está de pé encantado por encantes do desse grande rio. 
 
O Encantamento...

No frio do amazonas...
O caboclo encolhe-se, recolhe-se no varal de cores atado no barco...
No frio do amazonas, esse mesmo caboclo adormece até a chegada.

O Medo...
 
Na turbulência das águas do amazonas...
O caboclo acorda... Se desenco-lhe... Senta-se na beira da rede e com semblante de medo e espanto pega-se com seu santo...
Pois, tudo o que ele mais quer é que as águas se acalmem para que possa prosseguir, em paz, no leito do Grande-Rio.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Resenha do Livro: Chico Buarque na sala de aula

Você professor de Língua Portuguesa/Literatura amante de Chico Buarque, que tal “apresentá-lo” a seus alunos em sala de aula? 
 
Pensando nessa possibilidade de ação metodológica é que a professora Tereza Telles publicou “Chico Buarque na sala de aula: Leitura, interpretação e produção de textos” (Editora Vozes, 2009). O livro é uma ótima sugestão para se trabalhar o texto literário a partir de canções (poemas) de Chico Buarque. Pode ser trabalhado tanto com as séries finais do ensino fundamental, como também, de todo o ensino médio.
Constituída de cinco capítulos, a obra estrutura-se de forma bem didática. No capítulo I: O curso do tempo e a fragilidade da condição humana, “aliam-se a presença de um tema: a força inexorável da passagem do tempo e a impotência do ser humano diante dessa força”. Telles apresenta o poema abordando seu aspecto formal escalonando-o. Em seguida sugere um trabalho a ser trabalhado em sala de aula.
O capítulo II: O poema e as circunstâncias de sua composição. Aqui, a autora enfatiza a relação do momento da produção do poema com o momento histórico vivido. No caso o Brasil da Ditadura Militar (1970).
Já no capítulo III: A narrativa em verso, a autora trabalha os poemas atribuindo-lhes a classificação de prosa literária narrativa. Assim, é estudada toda a estrutura que compõem o gênero narrativo: foco narrativo, ação, espaço, personagens, tempo. Além de enfatizar o papel social da literatura.
No capítulo IV: A intertextualidade, Tereza Telles apresenta poema de Chico Buarque que podem ser classificados como paródicos. Exemplo é a analogia entre os poemas Meus oito anos, de Casimiro de Abreu X Doze anos, de Chico Buarque.
O último capítulo: Fundamentos teóricos. Relembra para alguns ou informa para outros, os conceitos teóricos que fundamentam qualquer prática. Assim, você caro professor, que há muitos anos deixou a cadeira da academia e que não se lembra daqueles conceitos de literatura que talvez você tenha pensado de que nada lhe serviria, este capítulo traz os principais conceitos teóricos literários e que lhe darão toda a firmeza na hora da explicação.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Resenha do Filme “Ladrões de Bicicletas”

Quanto vale uma bicicleta? Pode valer a ascensão social, por mais mínima que esta possa parecer.
Ladrões de Bicicletas, do diretor Vittorio de Sica, concentra-se, principalmente, na odisséia vivida pelo personagem Antonio Ricci em busca de sua bicicleta que lhe fora roubada, logo em seu primeiro dia de trabalho como colador de cartazes. O filme traduz características do cinemaneo-realista italiano.
Antonio Ricci é um trabalhador humilde. Para sustentar sua família consegue emprego como colador de cartazes. Mas de inicio vê-se num dilema de não ter o mínimo exigido para tal função: uma bicicleta. Sua mulher resolve então penhorar os lençóis da cama do próprio casal a fim de resgatar a bicicleta para matar a fome da família. Agora de posse da bicicleta vislumbra para toda a família dias melhores. Faz contas e mais contas com o ordenado e as horas extras que ganharia. Mas todos esses sonhos lhe foram desfeitos logo no primeiro dia de trabalho quando do roubo de sua bicicleta. A partir desse momento inicia-se a odisséia de Ricci e de seu pequeno filho Bruno em busca de tentar recuperar a bicicleta roubada. Não somente a bicicleta como também seus sonhos que naquele momento também haviam sido roubados.
Vão a um mercado de bicicletas roubadas. No entanto, após minuciosa busca, o resultado não foi satisfatório. Passam-se as horas e Antonio vê sua vida mergulhada novamente no sofrimento das privações. Pois o que buscava não era somente a bicicleta, mas a possibilidade de poder sonhar com uma vida melhor. Daí, juntamente com seu filho, foram vagar pela praça. De repente avistou o sujeito que lhe havia roubado. Empreitou perseguição. Porém, o resultado mais uma vez não foi satisfatório. E assim o filme segue narrando as tentativas frustradas de recuperação da bicicleta. Até que já cansado, pois tudo isso ocorre em um só dia, Antonio resolve pedir ajuda a uma vidente. Esta lhe diz da seguinte forma: “Ou você recupera sua bicicleta agora, ou não recupera nunca mais”. Será que nosso protagonista enfim recuperaria sua bicicleta?
As palavras da vidente pareceram uma profecia. Logo que Antonio atravessou a porta da pensão deu de cara com o bandido. Desta vez conseguiu agarrá-lo. Todavia como não tinha testemunhas que provassem que aquele meliante era o ladrão (apesar de ainda ter chamado um policial para averiguar a situação) pensou por fim que ali se encerrava a busca por sua bicicleta (o que nos faz retomar a frase da vidente). Cabisbaixo, caminhou até a praça central (sempre com o pequeno Bruno ao seu lado). Viu ali inúmeras bicicletas. A tentação da sobrevivência lhe confundia a mente. Sabia que aquela bicicleta roubada significava uma ascensão social, dias melhores, um futuro não apenas para sonhar, como também para vivenciar. Conduzido pela necessidade que o espírito capitalista faz do homem o lobo de si mesmo, nosso amigo rouba uma bicicleta. Aliás, tenta um roubo mal sucedido. Apanhado pelos populares sofre pela vergonha que causara ao filho. O pequeno Bruno chora copiosamente, pois tinha no pai um grande herói.
E a bicicleta? Nosso amigo não a recuperou.
O filme termina com pai e filho caminhando em meio a uma multidão, simbolizando talvez a esperança representada na figura do menino.

Como fazer um Relato de Experiência (exemplo) para apresentação em Jornada Acadêmica


Muitos graduandos quando se deparam com a tarefa de apresentar um trabalho em uma Jornada Acadêmica chegam a muitas vezes a desistir da apresentação pelo fato de não conhecerem o gênero textual no qual o trabalho será exposto. Para quem já participou de uma Jornada sabe que existem diversos modos de apresentação de trabalho, entre eles está o Relato de Experiência.  Como o próprio nome já diz, trata-se de um trabalho no qual o acadêmico compartilhará a sua experiência vivenciada. Essa experiência tem que ser significativa para o campo do qual o trabalho se pauta. Caso contrário não passará na avaliação de resumos. Mas como fazer um relato de experiência?
A primeira coisa a fazer é ler cuidadosamente o edital da Jornada. Lá estará dito às regras que orientaram a produção de resumos dos trabalhos. Uma coisa o participante tem que levar em conta: no relato de experiência, conte – dentro do limite dos caracteres – de forma bem clara todo o processo da sua experiência. Se você fizer isso já contar que seu trabalho terá grandes chances de ser aceito. Na apresentação que fiz na UFOPA, o edital trazia as seguintes considerações:
1) Relato de experiências: trata do informe de experiências vivenciadas ou atividade prática contendo tanto impressões reais quanto psicológicas e críticas que sejam importantes de serem compartilhadas. Deve-se apresentar rapidamente o problema, em seguida as metodologias utilizadas e por fim, o relato da experiência, de modo impessoal, informando o público-alvo e demais dados que venham mostrar ao leitor a pertinência do relato, destacando possíveis questionamentos, soluções e intervenções.
No exemplo abaixo tente perceber tudo isso.

RELATO DE EXPERIÊNCIA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA POR MEIO DA INTERVENÇÃO DE NARRATIVAS AMAZÔNICAS EM SALA DE AULA: DE INGLÊS DE SOUSA A MILTON HATOUM1
                                                            Rômulo José da Silva Viana2

Para um acadêmico se tornar um bom professor, necessita não somente do conhecimento teórico, mas de uma boa iniciação ao exercício da prática docente (aqui uma pequena introdução). Com o objetivo de demonstrar essa importância na formação dos futuros professores é que relataremos as experiências vivenciadas enquanto bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), instituído pelo Ministério da Educação e gerenciado pela CAPES. Este programa vinculado a UFOPA, desde 2011, junto ao subprojeto em Letras, que tem por objetivo aplicar a experiência da docência a partir do ensino da Literatura de Expressão Amazônica, nos coloca em total contato com a vivencia do professor da rede pública (neste parágrafo percebemos o objetivo de forma clara, e a explicação do que é o PIBID). Nesse sentido, atuamos na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rio Tapajós, em 03 turmas do primeiro ano médio, sob a supervisão da professora Ilcilene, na preparação e intervenção em sala de aula com narrativas amazônicas de autores como Inglês de Sousa e Milton Hatoum (descrição do local onde a experiência aconteceu). A metodologia usada foi distribuir as narrativas (O Baile do Judeu, a feiticeira, A Casa Ilhada, O adeus do comandante e Dançarinos da Última Noite) entre os bolsistas. Cada bolsista acompanhou 03 grupos de alunos desde a leitura inicial dos contos visando o entendimento do enredo, passando pela produção dos Mapas Mentais em papel madeira com o objetivo de construir a trama presente no conto, partindo do personagem central, até o fechamento da atividade com a Contação de Histórias, em que cada grupo narrou o seu conto enfocando a linguagem amazônica (metodologia explicada passo a passo). O resultado dessa intervenção foi muito positivo, pois os alunos corresponderam as nossas expectativas: leram seus contos, elaboraram de forma bastante artística seus Mapas Mentais e por fim transformaram-se em verdadeiros caboclos contadores de histórias (o resultado da intervenção). Nesse processo de acompanhamento dos alunos é que se percebe a importância do PIBID na formação de futuros professores. Pois, estando em contanto com os alunos colocamos em prática o que estudamos na faculdade, vivenciamos a rotina de preparação de plano de aula, preparação de provas, correção de trabalhos sempre com o acompanhamento da professora supervisora. Ou seja, somos colocados em situação real de prática docente o que é muito importante na nossa formação enquanto acadêmicos de licenciatura (por fim, é relatado a importância desse projeto na formação do futuro professor).

Palavras-chave: PIBID, narrativas amazônicas, prática docente.
Área Temática: Linguagens e Artes
Subárea: Literatura
Modalidade: ORAL (X)

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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

AGENDA BOM PASTOR: Quaresma – Oração, Jejum e Esmola.


Amanhã (13/02), nós cristãos católicos celebraremos o início de uma das festas mais importantes da nossa igreja: a Quaresma. Essa festa relembra os 40 dias em que Jesus foi tentado no deserto. É um tempo propício a conversão: “arrependei-vos e credes no evangelho”.
A quaresma inicia com a celebração de cinzas. Essas cinzas que serão impostas em nossa testa representam a nossa condição humana de pecado. Expressam o nosso arrependimento. A quaresma encerra com a festa da ressurreição de Cristo no domingo de páscoa. É um tempo, como já citei, de conversão, mas também de três práticas cristãs muito esquecidas atualmente: oração, jejum e esmola.   
A oração é à base de toda fé cristã. É impossível manter diálogo com Deus, que não seja por meio da oração. O próprio Cristo, quando interrogado por um de seus discípulos como este poderia conversar com ele, ensinou-o a oração do Pai Nosso.
Com relação ao Jejum, o Catecismo da Igreja Católica nos diz que “os fiéis observarão o jejum prescrito na sua igreja. Há atitude corporal (gestos, roupas) há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede”. Ainda segundo o Catecismo, “o apelo de Jesus à conversão e a penitência não visa em primeiro lugar às obras exteriores, “o saco e a cinza”, os jejuns e as mortificações, mas a conversão do coração, a penitência interior...”. Isso fica claro em Mt 6, 1-6.  
Já a esmola é uma das práticas que se tem deixado de lado cada vez mais. Isso por que, muitos são os farsantes que se passam por necessitados. Mas o que se quer com esta prática é despertar no coração humano a caridade, a partilha, que podem se manifestar não somente pela doação de dinheiro. Partilhar o que se tem é um bom exemplo de esmola.
Participemos desta grande festa de conversão em Cristo.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Como aprender a fazer uma redação nota 10


Existem na internet milhares de receitas de como fazer uma redação. Muitas até conseguem melhorar o desempenho do aluno. Outras se resumem no velho ato de apenas (re)informar a estrutura desse tipo de texto: introdução, desenvolvimento e conclusão. Já este post visa mais do que a soma disso tudo. Propõe-se de fato fazer com que o aluno não apenas saiba como é uma redação nota 10. Mas que ele aprenda produzi-la. Para tanto, compartilho do método que muito me ajudou e com certeza lhe dará condições suficientes para fazer uma redação nota 10.
O primeiro passo é preparar-se para escrever. Isso mesmo. Escrever exige uma preparação prévia. Ora, uma redação não surge do nada. Pelo contrário, surge do conhecimento que o aluno possui sobre aquilo que deseja dissertar. Esse conhecimento pode vir de uma experiência vivida, de conhecimento de mundo... Mas principalmente da leitura. Só se pode escrever sobre aquilo que se sabe. E só se sabe sobre aquilo que se conheceu (leu). Ler é primordial!
Depois de muita leitura (e é importante destacar que a leitura nunca se esgota) o segundo passo é a prática. Procure dissertar sobre diversos temas, principalmente, aqueles que você sente mais dificuldades. Um bom exercício é parafrasear textos de livros que ensinam sobre esse processo. Nesses mesmos livros busque entender como funciona a composição de cada tipo de texto.
Um terceiro passo é aprender a corrigir você mesmo a sua produção. Mas de que forma? Busque inicialmente ajuda de seu professor de Português (ele estudou para isso, por isso, domina o assunto) e depois você perceberá que terá condições mínimas de corrigi-lo. Por exemplo: marcando termos repetitivos e trocando-os por sinônimos; verificando a pontuação, palavras escritas de forma errada, ambiguidade etc.
Acredito que esses três passos somados a uma prática diária melhorarão e muito a sua escrita. Agora, para finalizar demonstrarei tudo isso na prática a partir de uma redação que fiz no tempo do cursinho pré-vestibular.  
Tema: A Televisão
Telespectadores ou Alienados? (perceba que este foi o meu título escolhido. A partir dele, é possível perceber que tipo de abordagem farei a respeito da televisão).
Um dos maiores meios de alienação sem dúvida alguma são os meios de comunicação, em especial a televisão. (iniciei meu texto com um Tópico Frasal – uma afirmativa de destaque – é sobre esse tópico que discorrerei a minha dissertação). Pois, através dela o telespectador passa a ser manuseado: agi sem ideias próprias seguindo um padrão por ela determinado, subordinando-se a mesma. (o primeiro parágrafo está pronto. Aqui vemos construída a Introdução da dissertação. Perceba que este parágrafo é composto de introdução (tópico frasal) de desenvolvimento (que são os meus argumentos que desenvolverei ao longo do texto, e que estão em itálico e que utilizarei para persuadir o leitor. Note os elementos de coesão grifados que remetem a ideia de televisão) e também de uma conclusão: o fecho da ideia principal).
Tal fato, é evidenciado nas propagandas expostas na TV, como as de moda, na qual as pessoas são induzidas a comprar tais produtos tornando-se propagandas ambulantes: Fórum, Bad Boy, Maresia etc. (primeiro argumento a ser defendido. O parágrafo inicia com um conectivo de coesão grifado que retoma a ideia do parágrafo inicial).  
Outro fator, diz respeito ao sistema ideológico que ela nos impõe “obrigando” jovens, adultos, crianças a comprarem a qualquer custo produtos em lançamentos: roupas, brinquedos, cigarros, bebidas etc. (este terceiro parágrafo retoma a ideia anterior por meio do conectivo grifado. Se trata de outro argumento a ser defendido).
Com tudo isso, a pessoa que a chega ao ponto de subordina-se a ela. Seu café da manhã vem do programa Mais Você. Almoça o que ver na novela “Vale a Pena ver de novo”. Janta uma comida italiana, devido a novela “Esperança”. (nesse último argumento, novamente iniciamos o parágrafo com um conectivo retomando a ideia anterior. Perceba os argumentos presentes).
Com tantos argumentos torna-se claro aceitarmos a TV como meio de alienação. Mas será que todo telespectador é um alienado? Não. Quando fazemos dela apenas um meio de distração ou informação. Mas quando vivemos dela ou para ela, seguindo uma ideologia, somos seres alienados como muitos outros que ainda não se deram conta. (aqui temos a conclusão que responde a questão inicial de nosso título. A afirmação é clara. Porém, ela não generaliza o todo. Isso é percebido na pergunta, (Mas será que todo telespectador é um alienado?) que por meio de argumentos é logo respondida).
                                                  Agora é só praticar.

Para saber mais leia:
INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto: curso prático de leitura e redação. São Paulo: Editora Scipione, 1992.
Platão e Fiorin. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2003.