quinta-feira, 3 de maio de 2012

O que foi a Poesia Práxis?


De uma dissidência de um grupo de poetas que compunham o concretismo, nasceria em 1962 a Poesia Práxis. O seu marco de fundação foi à publicação do livro Lavra-lavra de Mário Chamie. O primeiro documento teórico de sua instauração foi o “Manifesto Didático”.
Se por um lado, no concretismo, tínhamos como exaltação maior a “palavra-coisa”, agora na poesia práxis temos a “palavra-energia”, valorizando a palavra mais no seu contexto extralingüístico, mantendo, portanto, uma ligação forte com a realidade social. “Assim, enquanto o concretismo – que sustentava ser o conteúdo de um poema sua própria estrutura – insistia numa reificação da linguagem e do texto, o poema práxis é definido, em seu manifesto, como aquele que organiza e monta, esteticamente, uma realidade situada, segundo três condições de ação:” (Revista da USP) a) o ato de compor: que consiste em uma tomada de consciência, por parte do poeta, do seu próprio projeto semântico. Vale dizer: o poeta, ao elaborar um poema, não deve prender-se a esquemas formais predeterminados, deixando de lado a realidade viva e o significado humano daquilo sobre o que ou em função do escreve; b) a área de levantamento: o “manifesto didático” prevê que o autor práxis não escreve sobre temas e nem tematiza a realidade e o objeto de sua escritura. Pela própria natureza de compor, o autor busca as contradições internas dessa realidade e objeto e os transforma em problemas, virtualizando os seus sentidos possíveis; c) o ato de consumir: corresponde a uma reformulação da relação tradicional entre autor e leitor. Este deixa de ser destinatário passivo e assume o papel de co-autor daquele, já que, pela estrutura móvel do texto práxis, ele pode interferir nessa estrutura e tomá-la como pré-texto, para outras soluções de linguagem e de redimensionamento do seu sentido original, dentro da mesma área levantada.

Principais autores e suas obras: Armando Freitas Filho, livro de poemas práxis Palavra (1963); Mauro Gama, Corpo Verbal (1964); Antonio Carlos Cabral, Diadiário cotidiano (1964); Ivone Geanetti Fonseca, A fala e a forma (1964); Camargo Méier, Cartilha (1964); Cassiano Ricardo, Jeremias sem chorar (1964); 
 
Características das principais obras: a) uso do signo lingüístico considerado matéria prima de produção e transformação textual; b) o trabalho com a palavra considerada “matriz estruturante” e genética do poema num espaço verbal (o espaço em preto) predominantemente permutacional; c) a construção do poema, ao nível do significante e do significado, capaz de se abrir a interferência do leitor ou co-autor;

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