terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Análise do poema Antítese de Castro Alves

Símbolo da nossa literatura abolicionista, Castro Alves em seu poema Antítese, justifica o emprego do titulo pela descrição oposta, contraria entre homem branco (livre) e o negro (escravo). O poema inicia seu leito apresentando a florida vida nos bailes suntuosos. A descrição que temos é de um ambiente luxuoso e feliz: “cintila a festa nas salas! Das serpentinas de prata jorram luzes em cascata/ sobre sedas e rubis/ soa a orquestra...” A alegria é tamanha que os pares dançando parecem Silfos numa valsa mágica: “como silfos/ na valsa os pares perpassam/ sobre as flores, que se enlaçam nos tapetes de coxins”.
A partir da segunda estrofe o ambiente de Antítese ganha forma. Saindo do luxuoso espaço de festa a névoa da noite, no átrio, na vasta rua” ambienta o espaço daquele que “como um sudário flutua/ nos ombros da solidão”. Trata-se daquele que recebeu como prêmio, já no limiar das forças, o desprezo e uma carta de alforria: o escravo! O espaço por este habitado não é dos salões de festas, mas a praça como única morada: “a praça em meio se agita”. “Espécie de cão sem dono” torna-se um sujeito em que a sua condição humana torna-se degredada: “desprezado na agonia/ larva da noite sombria/ mescla de trevas e horror”.
E se a curiosidade do leitor o instiga a querer saber quem é a larva da noite sombria, na estrofe seguinte o autor descreve o ser e sua situação social: “é ele o escravo maldito/ o velho desamparado/ bem como o cedro lascado/ bem como o cedro no chão. Tem por leito de agonias/ as lájeas do pavimento/ e como único lamento/ passa rugindo o tufão”.
E na última estrofe, o poeta grita a favor do escravo: “chorai, orvalhos da noite/soluçai ventos errantes/ sede os círios do infeliz!”. E denuncia a morte-social, a morte-econômica do “cadáver insepulto”, que a própria alforria e o desprezo, a liberdade não assistida já predizia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou? Deixe sua opinião